Carne suína perde competitividade

Carne suína perde competitividade

Cepea aponta que preço do produto suíno valorizou, ante queda na cotação das carnes bovina e de frango

Camila Pessoa

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Acarne suína está perdendo competitividade com relação à carne de frango e à de gado. A situação foi sinalizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O cenário baseia-se na recente desvalorização das carnes bovina e de frango, mesmo com elevação dos cortes suínos em quase 20% em agosto (até o dia 16), conforme relatório setorial semanal da instituição. Segundo os pesquisadores, no período, o quilo da carcaça especial suína está R$ 2,52 mais caro que o do frango inteiro, indicando “expressivo” aumento de 18,8% frente à diferença de julho. Já com relação à carcaça casada bovina, a diferença da suína está em R$ 9,98/kg, com recuo de 7,4% frente ao mês anterior.

Para o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), Rogério Kerber, a atividade suinícola está alcançando o mesmo equilíbrio entre o custo de produção e a remuneração de mercado obtido tanto pelos pecuaristas de corte como pelos avicultores, motivo ao qual atribui a elevação dos preços do suíno em julho. 

No entanto, o desembolso nas granjas suinícolas ainda segue superior ao das granjas avícolas. De acordo com a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa (Cias), o Índice de Custo de Produção de Suínos, o ICPSuíno subiu 2,82% em julho, ante o mês de junho, enquanto o ICPFrango caiu 0,36%, na mesma base de comparação. A entidade justifica o aumento na valorização de 62% dos investimentos imobilizados, tanto na construção de instalações como na aquisição de equipamentos, que, inclusive, ficaram acima da correção monetária. 

O analista da área de Socioeconomia da Embrapa Suínos e Aves Ari Jarbas Sandi afirma que o impacto da inflação do setor suinícola foi maior entre os produtores do Rio Grande do Sul, onde as granjas estão mais dispersas que em Santa Catarina e que no Paraná. “O que eleva o custo é o transporte”, aponta. Além disso, segundo ele, o RS lidera entre os altos custos estruturais, diminuindo sua competitividade frente a SC e PR.


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