China abre caminho para exportadores de milho do Rio Grande do Sul

China abre caminho para exportadores de milho do Rio Grande do Sul

Dos 136 estabelecimentos brasileiros autorizados a enviar o cereal ao país asiático, cinco estão localizados no Rio Grande do Sul

Patrícia Feiten

A cultura do milho foi uma das mais afetadas pela seca

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A China deu o sinal verde para embarques de milho produzido no Brasil. Na quarta-feira, a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) atualizou em seu site a lista de estabelecimentos estrangeiros autorizados a exportar grãos para o país asiático, incluindo 136 unidades exportadoras brasileiras de milho de mais de 40 empresas e tradings. Do total, cinco estão localizadas no Rio Grande do Sul.

A relação de exportadores havia sido enviada ao governo chinês pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), após a realização de auditorias nos estabelecimentos. Das 136 habilitados, nove constam na lista também como terminais de grãos e três estão registradas também como exportadores portuários. A maioria dos estabelecimentos fica em Mato Grosso (53), no Paraná (24) e São Paulo (20). No Rio Grande do Sul, os estabelecimentos aptos a exportar milho pertencem às tradings Agricon Business, Agrimercosul, Bunge Alimentos, Gavilon do Brasil e Graneles Brasil.

O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa, Glauco Bertoldo, lembra que, embora Brasil e China já tivessem assinado um protocolo de exportação de milho há mais de uma década, algumas normas fitossanitárias inviabilizavam os embarques. “O que ocorreu este ano é que foram negociados novos termos, que agora são exigências possíveis de serem cumpridas”, disse.

Segundo Bertoldo, o processo de auditoria nas unidades interessadas em exportar à China devem ter continuidade, e o Mapa pretende enviar submeter novas listas à aprovação do país asiático todos os meses. “À medida que formos habilitando novas empresas, vamos atualizar essa lista para a China, para que eles possam colocar no site (da GACC) e tornar a exportação possível. A perspectiva é como já se faz com outros produtos, como a soja: todos os meses, novas empresas sejam habilitadas”, explica Bertoldo.

Para o analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado, a autorização dada às empresas brasileiras representa mais uma alternativa de abastecimento para a China em meio ao aumento da demanda desencadeado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. O país asiático importa milho dos Estados Unidos e da Ucrânia, e a guerra travada no leste europeu comprometeu os embarques do cereal. Um efeito prático nas exportações brasileiras, porém, só deve ser sentido em 2023. “Isso apenas deixa as portas abertas para quando a China comprar. Mas (o país asiático) está colhendo a safra e somente voltara às compras de abril em diante”, avalia o consultor.


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