China suspende embargo de carne bovina brasileira

China suspende embargo de carne bovina brasileira

Embarques para o gigante asiático estavam suspensos desde o início de setembro, e retorno pode provocar impacto no mercado interno

Nereida Vergara

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O Ministério da Agricultura (Mapa) anunciou ontem o fim do embargo da China à carne bovina do Brasil. Os embarques estavam suspensos desde 4 de setembro, em razão de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina. O fim do embargo foi anunciado após troca de comunicados técnicos entre os dois países. Para fontes do setor, ainda é cedo para saber se a volta das exportações para o gigante asiático, maior comprador da carne brasileira, vai forçar para cima o preço do boi no Rio Grande do Sul. 

No Estado, três plantas da Marfrig, em São Gabriel, Bagé e Alegrete, estão habilitadas para exportar para a China. O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, afirma que com a volta à exportação as empresas estão prontas para atender os pedidos, o que poderá movimentar o número de abates semanais no Estado, que neste mês está em uma média de 7 mil cabeças. Lauxen reconhece que há expectativa entre os produtores de que o preço do boi se valorize. “Os preços do boi caíram quando a China se retirou, mas, ainda antes da reabertura do mercado, já esboçaram reação”, comenta. O dirigente diz ainda que o Estado está em entressafra, mas havendo aquecimento na busca para exportação pode ocorrer alguma escassez e reflexo nos preços.

O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, garante que a notícia é para ser comemorada em âmbito nacional, mas não arrisca previsões sobre o impacto econômico na pecuária. “A liberação era uma questão de tempo, pois nós sabemos que a China precisa de muita carne. Se pode haver impactos no preço do boi? Acho que pode, mas ele já tinha começado a melhorar com o retorno de mercados como Estados Unidos e Chile”, diz.
Mesmo sendo prematuro quantificar o impacto no preço do boi, o coordenador do NESPro/Ufrgs, Júlio Barcellos, acredita que o aumento de preço virá, não será acima de 5% e deverá ocorrer apenas a partir da segunda quinzena de janeiro, pois as compras dos frigoríficos já foram feitas. Barcellos reforça que nos últimos três meses 200 mil toneladas de carne do Estado deixaram de ir para o país asiático e que a recuperação do que foi perdido neste período vai demorar para ocorrer.


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