Chuva beneficia cultivo, mas produtor contabiliza perdas

Chuva beneficia cultivo, mas produtor contabiliza perdas

Precipitações são insuficientes para reverter perdas

Patrícia Feiten

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A chuva que atingiu o Estado nos últimos dias foi benéfica para a cultura do milho, mas insuficiente para reverter perdas dos agricultores em municípios produtores onde o desenvolvimento do grão foi fortemente prejudicado pela estiagem prolongada. De acordo com a Emater, 86% da área de cultivo do cereal estimada para este ano em todo o Rio Grande do Sul já foi semeada. Cerca de metade das lavouras estão nas fases de floração (27%) e enchimento de grãos (18%), as mais sensíveis à falta de água.

São estas etapas que indicam mais preocupação, segundo o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri. “Temos dificuldades nas regiões onde o milho está em fase de floração e enchimento de grãos, (na qual) a demanda hídrica é maior, basicamente nas regiões Norte e Noroeste”, diz. Rugeri observa, no entanto, que mesmo nessas regiões o grau de dano causado da estiagem pode variar muito entre os municípios e ainda é cedo para avaliar o impacto da falta de chuva na produção do Estado.

Em Santa Rosa, que tradicionalmente faz a colheita do cereal em janeiro, o retorno da chuva após um período seco trouxe alívio. Segundo o presidente do sindicato rural local, Denir Frosi, os cultivos no município da região Noroeste estão florescendo e enchendo os grãos. “A chuva atrasou um pouco, mas o desenvolvimento está muito bom”, afirma.

Em Cruz Alta, a chuva chegou após 34 dias secos, afirma o produtor Jonardo Antônio Machiavelli, conselheiro fiscal do sindicato rural do município. O agricultor, que plantou milho em 800 hectares em Cruz Alta, Tupanciretã e Fortaleza dos Valos, estima perda de 80% nas áreas de milho de ciclo precoce e de 60% nas lavouras semeadas no tarde. “A estiagem pegou os dois (cultivos) em cheio”, diz. Segundo o produtor, mesmo nas áreas irrigadas, que somam 300 hectares, o prejuízo chega a 40%. “Foram muitos dias sem chuva, com noites frias e vento gelado”, destaca Machiavelli.

Para a safra gaúcha 2021/2022, a projeção da Emater era de aumento de 6% na área plantada com milho na comparação com o ciclo anterior, o que corresponde a 834 mil hectares, além de um salto de 39% no total colhido, alcançando 6,11 milhões de toneladas. Da área total de plantio, 55% das lavouras estão em germinação ou desenvolvimento vegetativo.


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