Chuva no Paraná pode afetar preços do trigo no Estado

Chuva no Paraná pode afetar preços do trigo no Estado

Precipitações durante colheita paranaense podem estancar queda nos preços do cereal no RS, que já acumula 10% em setembro

Camila Pessôa

Colheita da safra gaúcha de trigo deve começar em duas semanas

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A ocorrência de chuvas fortes no Paraná, nesta semana, pode alterar para cima os preços do trigo no Rio Grande do Sul. Em plena colheita dos 1,17 milhão de hectares plantados nesta safra, há expectativa de perdas tanto na qualidade como na produtividade do cereal, alerta o consultor do Safras & Mercado Élcio Bento. Com impacto da produção paranaense, estimada em 3,8 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), há possibilidade de o mercado gaúcho reagir após um setembro sob constantes retrações. “As condições estavam perfeitas até agora, mas a chuva do Paraná diz que não vai ser mais essa maravilha”, afirma.

Conforme Bento, o recuo nos preços do trigo ao produtor, no Estado, foi de aproximadamente 10% em setembro, frente aos praticados em agosto. O cenário também é evidente nos levantamentos semanais da Emater/RS-Ascar, principalmente de 25 de agosto para cá. Na ocasião, a saca de 60 quilos esteve à média de R$ 100,65. No período seguinte, o valor foi para R$ 94,25/sc e, no último dia 22, fechou em R$ 92,69/sc. 

No Rio Grande do Sul, a colheita do cereal deve ter início em duas semanas. No entanto, não deve impactar negativamente o mercado, “mesmo que os preços internos ainda tenham espaço para cair com o aumento da oferta”, como analisa Bento. Apesar de o trigo ter liderado a queda das commodities agrícolas nesta segunda-feira, na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), com quedas superiores a 2.50%, Bento avalia que a elevação do dólar a R$ 5,39 pode favorecer novos negócios. “Isso reduz a necessidade de reduzir os preços do produto brasileiro para que possa competir com o argentino”, explica Bento. 

Para o diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Sérgio Luís Feltraco, a performance das lavouras gaúchas está um “espetáculo” e deve o Estado confirmar a projeção recorde de 4,1 milhões de toneladas, ou “45% do trigo brasileiro”, diz.


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