Colheita da soja já mostra os prejuízos da estiagem

Colheita da soja já mostra os prejuízos da estiagem

O ritmo das máquinas ainda não atingiu o de anos anteriores, mas o resultado confirma a projeção de quebra maior nas lavouras precoces

Patrícia Feiten

Grãos estão pequenos e achatados e ficam abaixo do padrão normal da cultura

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Atrapalhada em parte pelas chuvas alternadas das primeiras semanas de março, a colheita da soja segue em ritmo lento no Estado, tendo sido concluída em apenas 9% da área total cultivada, de acordo com o Informe Conjuntural da Emater/Ascar-RS divulgado na quinta-feira. O percentual é inferior ao da média histórica para o período, que chega a 14%. Os primeiros resultados refletem os danos da estiagem nas lavouras semeadas no início do período recomendado, com cultivares mais precoces, e estão confirmando as perdas projetadas para a safra pela instituição e pela Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS).

Segundo o presidente da Aprosoja-RS, Décio Teixeira, as lavouras já colhidas indicam quedas drásticas de produtividade. “Tem gente colhendo 40, 45 quilos por hectare, e áreas grandes, de 180 hectares, obtendo uma saca (de 60 quilos) e meia”, exemplifica o agricultor, destacando que em algumas plantações a perda é total.

Embora tenha trazido algum alívio, aumentando o peso dos grãos, o retorno das chuvas teve pouco impacto no padrão da soja obtida até o momento, relata Teixeira, o que gera preocupação com a oferta de sementes para a próxima safra. “As lavouras que estão sendo colhidas não têm qualidade alguma, são grãos achatados e esverdeados”, afirma.

Teixeira observa ainda que as chuvas não foram bem distribuídas entre as regiões do Estado e considera que, de certa forma, a estiagem prevalece. O dirigente espera que colheita ganhe impulso nas próximas semanas e traga sinais animadores. Essa também é a expectativa do diretor técnico da Emater/Ascar-RS, Alencar Rugeri, para quem a tendência é de resultados mais favoráveis nas lavouras plantadas mais tardiamente. “Esperamos que a partir do avanço (da colheita) comecem a entrar sojas melhores, porque as condições do clima foram melhorando”, avalia.

De acordo com o relatório da Emater, a maior parte das lavouras no Estado ainda está nas etapas de enchimento de grãos (41%) e maturação (37%). A produtividade estimada para a safra atual é de 1.511 quilos por hectare, 52% abaixo da projeção inicial. Já a Aprosoja-RS estima que o resultado fique em torno de 20 sacas (1.200 quilos) por hectare. “Ainda é cedo para um balanço, temos de avaliar o que esta chuva (recente) pode fazer”, ressalva Teixeira.


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