Colheita do pêssego é aberta oficialmente em Pelotas

Colheita do pêssego é aberta oficialmente em Pelotas

Município da zona Sul do Rio Grande do Sul, maior produtor da fruta, projeta quebra de safra de 35%, em razão do clima que afetou os pomares

Angélica Silveira

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A abertura oficial da colheita do pêssego em Pelotas ocorreu neste domingo, em Vila Nova Quilombo, 7º Distrito do município. A cidade gaúcha, na região Sul do Estado é a maior produtora de pêssego do país, movimentando em torno de R$ 200 milhões por ano. O extensionista da Emater Rodrigo Prestes destaca que já começou a colheita  das variedades mais precoces da fruta (bonão, sensação, precocinha e liberal). “A colheita começou nos primeiros dias de novembro e um quinto da safra já foi colhido”, relata. Prestes afirma que ainda há a colheita do pêssego granada que é a mais representativa, mas ressalta que a projeção é de uma quebra na safra de cerca de 35%.

 “A última chuva que  ocorreu, de 30 a 40 milímetros na região produtora, amenizou um pouco as perdas", diz, esclarecendo que o estresse hídrico proporciona menos número de pêssegos nas árvores. O extensionista conta que, além da pouca chuva, o que o prejudicou a safra foi a pouca luminosidade no momento do florescimento, e alta umidade do ar nos meses de inverno. “Tem plantas que não tem fruta, mas por ter menos o tamanho está mais bonito. Então será menos quantidade e mais qualidade com pêssegos maiores. Alguns produtores estão usando técnica de irrigação o que deixa a qualidade boa”, comenta. 

Em Pelotas, em torno de  600 produtores produzem pêssego em  três mil hectares.  Cerca de  85% do pêssego produzido é destinado à indústria. Para a safra deste ano, o preço é de  R$ 1, 85 o quilo do tipo 2 e R$ 2,10 o  quilo do tipo 1. Os preços são baseados no tamanho da fruta, sendo o menor mais barato. Prestes acredita que  90% da colheita se concentre até o fim de dezembro. “Em janeiro teremos algumas cultivares tardias”, completa. 

O produtor Mauro Scheunemann, de 44 anos, que atualmente preside a  Associação dos Produtores de Pêssego de Pelotas, confirmou a estimativa de quebra na safra deste ano em até 40% em média.  “Esta safra está bem irregular, uns produtores perderam mais, outros menos. Na minha propriedade foi em torno de 20% de quebra, mas teve gente com até 70%”, observa. Para Scheunemann o resultado da quebra vem desde o início do ano passado com a estiagem entre janeiro e fevereiro. “O problema vem de lá, quando a planta cria a gema que faz a flor e também tivemos a chuva no inverno”, lamentou. A fruta, diz, está em tamanho bom, aceitável. "Não tivemos raleio nos pomares o que dá frutos maiores. A minha expectativa é colher 100 toneladas de pêssego até o fim do ano”, projeta.  

Scheunemann planta a fruta em 10 hectares na  propriedade da família em Pelotas. O  cultivo do pêssego traz o sustento.  “Eu me criei cultivando o pêssego. O manejo vem desde o meu avô. Temos em torno de oito mil plantas", estima. Exceção a grande maioria dos produtores da cidade, 90% da produção ele vende in natura para consumo.  “Também cultivo uva, tomate e  goiaba em  bem menor proporção, 90% do pêssego é de polpa amarela e diferente da maioria vendo  apenas de  30% a 40% para a indústria e o restante para os mercados”, relata.

 


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