Começa o plantio da safra de milho no RS

Começa o plantio da safra de milho no RS

Preocupação inicial é evitar ataques da cigarrinha e torcer por chuvas regulares para evitar quebras como as ocorridas nos anos mais recentes

Patrícia Feiten

plantio de milho na região de santa rosa

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O plantio do milho já começou nas regiões mais quentes e deve se intensificar a partir desta segunda quinzena de agosto no Rio Grande do Sul. Neste ciclo, a maior preocupação é a ameaça de ataques da cigarrinha-do-milho, observa o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Paulo Rugeri. O inseto causou graves prejuízos aos produtores de Santa Catarina e Paraná no ano passado. “Já temos relatos da presença da cigarrinha em algumas lavouras, é preciso estar atento e fazer um trabalho de acompanhamento sistemático”, diz. 

O impacto do fenômeno La Niña, associado a estiagens, também pode trazer dificuldades. O presidente da Associação dos Produtores de Milho, Ricardo Meneghetti, estima que o cultivo se mantenha em 750 mil hectares. “A perspectiva é que não teremos uma grande área nesta primeira safra. O produtor está com muito receio do La Niña e da cigarrinha”, avalia. 

Nas duas últimas safras, a produção do milho foi afetada pela falta de chuva. A colheita recuou de 5,768 milhões de toneladas do grão no ciclo 2018/2019 para 3,935 milhões de toneladas no período 2019/2020, avançando um pouco, para 4,390 milhões de toneladas na temporada passada, também prejudicada por estiagem, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Na região de Santa Rosa, onde o plantio está mais adiantado, a área semeada com milho já ultrapassa 30 mil hectares, segundo levantamento da Emater/RS-Ascar divulgado ontem. Em ritmo mais lento, também já iniciaram a semeadura produtores das regiões de Frederico Westphalen, Bagé – em lavouras com sistemas de irrigação – e Ijuí. Nesta última, o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Gilberto Bortolini, diz que a instituição, desde o ano passado, vem recomendando o controle de plantas espontâneas que atraem pragas. “Outra orientação é escolher híbridos mais resistentes, e a terceira, não escalonar muito o plantio, reduzindo a alimentação das cigarrinhas”, explica. 

Em Tuparendi, na Grande Santa Rosa, o agricultor Marcos Luiz De Conti, que investe no milho há 10 anos no sistema de rotação de culturas com o trigo e a soja, concluiu o plantio do grão em 11 hectares e está otimista. “Pegamos um híbrido (variedade de milho) bom, bem adaptado, e fizemos uma adubação boa para tentar obter em torno de 150 a 160 sacos por hectare, que é a média para a nossa região”, revela. 

No Noroeste do Estado, o grão é negociado a valores próximos de R$ 90 pela saca. “O custo aumentou, hoje gira em torno de 60 a 70 sacos por hectare, mas o preço compensa”, diz De Conti. 


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