Conab projeta novo recuo à safra de grãos

Conab projeta novo recuo à safra de grãos

Perdas com as extremidades climáticas devem resultar em uma colheita 6,3% menor que em 2023

Lucas Keske

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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu novamente a estimativa de produção para a safra 2023/2024. De acordo com o 5º levantamento da instituição neste ciclo, divulgado ontem, a colheita deste ano deve totalizar 299,8 milhões de toneladas de grãos. O volume é 6,3% menor que as 320 milhões de toneladas da safra passada. A justificativa está no “comportamento climático nas principais regiões produtoras, sobretudo para soja e milho primeira safra, vem afetando negativamente as lavouras, desde o plantio”.

Em contrapartida, a companhia prevê alta de 48% à produção gaúcha quando comparada ao ciclo anterior, duramente afetado pela escassez hídrica. Os números apontam para uma colheita de 40,8 milhões de toneladas, ante as 27,5 milhões de toneladas totalizadas em 2023. Somente a soja, segundo o estudo, deve somar 21,88 milhões de toneladas, ante as 13 milhões de toneladas colhidas pelo Estado no ciclo anterior (68%).

Contudo, o coordenador da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Paulo Vargas, aponta que os números divulgados pela Conab podem não representar a real situação das lavouras. “Não é uma ‘safra cheia’ em virtude de problemas com o excesso de chuva e a falta de sol, que atrapalharam o desenvolvimento do milho”, diz.

Vargas lembra também que o clima não favorece algumas regiões produtoras de soja. “Há chuvas localizadas, que podem atingir uma lavoura, mas não alcançam a vizinha, e geram ‘manchas de produtividade’”. O coordenador ressalta ainda que o cenário é propício para bacteriose e para a maior presença de cigarrinhas, que devem interferir nos resultados finais.


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