Conseleites avaliam integração nacional

Conseleites avaliam integração nacional

Proposta de unificar câmaras técnicas e grupos de debate foi discutida em encontro de colegiados estaduais, que projetam preços de referência do leite pago ao produtor

Correio do Povo

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Resultado de um projeto iniciado há 20 anos, os Conseleites (conselhos paritários de produtores/indústrias de leite) estaduais avaliam a integração de suas câmaras técnicas e grupos de debate de forma a buscar soluções conjuntas para os problemas do setor. A proposta surgiu durante o 1º Encontro Nacional dos Conseleites do Brasil, realizado na tarde desta quinta-feira (8) dentro da programação da Megaleite, em Belo Horizonte (MG).

Presentes em seis estados – Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Minas Gerais e Rondônia –, os Conseleites representam 68,3% do leite processado no Brasil. Atualmente, cada câmara técnica delimita sua metodologia de trabalho e os parâmetros para projetar o valor de referência do leite pago aos pecuaristas, mas as dificuldades vividas nos estados são similares, de acordo as lideranças que participaram do evento. São elas margens de rentabilidade apertadas, falta de estímulo à produção e concorrência com os lácteos importados.

Uma das propostas discutidas foi a realização de novos encontros, com reprises anuais em esquema de rodízio entre os seis estados. Outra sugestão apresentada para reforçar a integração entre os colegiados foi a de criação de um parâmetro de estoques nacionais, de forma a quantificar o leite armazenado no país.

No Rio Grande do Sul, as reuniões do Conseleite estão temporariamente suspensas por falta de liberação de recursos do Fundoleite para arcar com o estudo sobre preços de referência. Apesar das dificuldades, o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) e coordenador do Conseleite/RS, Darlan Palharini, avalia que o colegiado ainda é o melhor espaço para discussões transparentes entre as partes. “Temos dois grandes grupos de produtores: os que estão sobrevivendo com problemas de sucessão e financeiros e que, se não houver ação conjunta de uma política de Estado, devem sair da atividade e aqueles que estão investindo. Se é ruim com o Conseleite, será muito pior sem ele”, disse Palharini.

O encontro em Belo Horizonte também destacou o estreitamento do diálogo na cadeia produtiva, consolidando indústrias e produtores. Para quantificar os ganhos resultantes desse processo, está nos planos a adoção de uma pesquisa com o objetivo de mensurar o impacto do Conseleite na construção do capital social dos estados. “Tínhamos uma dificuldade gigantesca de conversar com as indústrias, diferentemente deste momento que estamos vivendo nos Conseleites. As coisas não são fáceis de serem construídas, mas precisamos estimular esse convívio entre os estados e as cadeias”, afirmou o presidente da Federação de Agricultura de Minas Gerais, Antônio Pitangui de Salvo, na abertura da reunião.

Para De Salvo, as importações de lácteos não são o único fator que dificulta a competitividade do setor. “O problema da pecuária leiteira está dentro das porteiras, em gestão, em genética, em sanidade, em nutrição. Precisamos trabalhar da porteira para dentro e da porteira para fora”, disse.


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