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Contrabando de soja preocupa pela possibilidade de sanções e surgimento de pragas

Polícia Federal apreendeu 60 toneladas de soja no início de outubro

Polícia Federal de Santo Ângelo apreendeu soja contrabandeada em porto clandestino no rio Uruguai | Foto: Polícia Federal / Divulgação

A montagem de estruturas para contrabando de soja da Argentina através do rio Uruguai preocupa o chefe de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura (SEAPDR), Ricardo Felicetti, e o presidente da Associação de Produtores de Soja do RS (Aprosoja), Carlos Fauth. Eles temem prejuízos à reputação do Estado junto a países importadores e a entrada de doenças e pragas. No dia 4 de outubro a delegacia da Polícia Federal em Santo Ângelo apreendeu 60 toneladas do grão no município de Esperança do Sul, em porto clandestino no rio Uruguai, numa operação conjunta com a Brigada Militar e com apoio da Receita Federal.

De acordo com a Polícia Federal, só este ano a delegacia de Santo Ângelo apreendeu 147,3 toneladas de soja contrabandeada, o que, somando-se às apreensões de 2020 e 2021, resulta em 552,7 toneladas. De acordo com Felicetti, quadrilhas têm se especializado em burlar as ações policiais, mas, este ano, a fiscalização nas fronteiras foi reforçada pela operação Agro-Hórus, desenvolvida especificamente para policiar crimes rurais na fronteira e que envolve a Brigada Militar, a Polícia Federal e o Ministério da Agricultura (Mapa). “A inibição dessas práticas tem sido resultado da operação, mas permanecem portos clandestinos e estrutura de transbordo. Há uma logística clandestina bem estabelecida com foco no contrabando”, diz o chefe de Defesa Vegetal. “Nós temos observado um crescimento nas apreensões dos últimos anos, por conta de um aumento de restrição da Argentina e da logística para contrabando que se estabeleceu no rio Uruguai, área de difícil acesso para a fiscalização”, afirma Felicetti.

Para o presidente da Associação de Produtores de Soja do RS (Aprosoja), Carlos Fauth, a questão preocupa os produtores pela possível entrada de doenças, pragas e sementes invasoras que podem acarretar problemas, além do risco para a credibilidade do grão gaúcho, uma vez não há controle sobre a soja contrabandeado, que vem a se misturar com a produção do Estado. Além disso, Felicetti acrescenta que o contrabando favorece a entrada de resíduos de agrotóxicos que não são permitidos no Brasil, além de não oferecer garantias para quem utiliza o grão como semente. Segundo ele, esses problemas poderiam ser detectados por países importadores e resultar em sanções para a produção do Rio Grande do Sul. “Sem dúvida isso pode afetar a nossa credibilidade, porque é uma produção inserida aqui sem fiscalização”, ressalta. 

Uma das pragas que preocupa o chefe de Defesa Vegetal é a planta daninha amaranthus hybridus, que, segundo ele, anteriormente era controlada e agora vem aumentando seu grau de infestação de forma gradativa, entre a fronteira e o interior do estado, em especial na beira de rodovias que são rota de contrabando. Isso é uma evidência de que ela estaria sendo trazida do exterior, de acordo com Felicetti.

Para o presidente da Associação de Empresas Cerealistas do RS (ACERGS), Roges Pagnussat, o que ocorre é que os argentinos estão aproveitando a oportunidade de comercializar a soja sem as taxas cobradas pelo seu país de origem. “A associação há anos vem alertando e coibindo essa prática, nós trabalhamos para defender os cerealistas na divisa”, afirma. Segundo ele, as cerealistas prestam assistência técnica aos produtores da fronteira, e a ACERGS oferece apoio denunciando o contrabando e dando condições legais para elas, além de alertar para a compra somente de produtores reconhecidos. De acordo com Pagnussat, como a soja é uma commodity, não há padrões para seu reconhecimento, o que a faz se perder em meio ao produto gaúcho uma vez que atravessa a fronteira.

Camila Pessôa