Cooperação entre ministérios promete impulsionar Programa de Aquisição de Alimentos

Cooperação entre ministérios promete impulsionar Programa de Aquisição de Alimentos

Executado pela Conab, programa federal já recebeu 3,7 mil propostas de agricultores familiares, que totalizam R$ 1,1 bilhão em compras públicas de alimentos

Patrícia Feiten

"O dado é que 70% do público que ofertou produtos da agricultura familiar foram mulheres. Então, a gente quer também com esse programa buscar a independência econômica das trabalhadoras rurais”, afirma o presidente da Conab, Edegar Pretto.

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Assinado na quarta-feira (19) entre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e outras cinco pastas, um acordo de cooperação técnica para ampliar as compras de produtos de agricultores familiares no âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) dará um grande impulso à iniciativa, aposta o presidente da estatal, Edegar Pretto. Recriado em novo formato por meio de medida provisória em março e aprovado no Congresso Nacional neste mês, o PAA determina que 30% das compras públicas de alimentos sejam feitas de produtores familiares, a exemplo do que já ocorre nos programas federais de merenda escolar. A lei foi sancionada nesta quinta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na prática, explica Pretto, a ação integrada facilitará as compras institucionais pelos órgãos que demandam alimentos, como universidades e institutos federais, hospitais, unidades da Defesa e restaurantes populares. Responsável pela execução do PAA, a Conab atuará no levantamento da oferta dos alimentos produzidos pelos agricultores. “Se as Forças Armadas, por exemplo, querem fazer uma compra na Região Sul, pedem ajuda à Conab e a gente (informa) onde estão as cooperativas, as associações que já disponibilizaram comida para o PAA. Com essas medidas, o governo federal passará a ser o maior cliente da agricultura familiar”, diz o presidente da companhia.

Segundo Pretto, desde seu relançamento, o PAA já recebeu 3,7 mil propostas por meio dos editais lançados pela Conab, que preveem a destinação de R$ 1,1 bilhão à compra de alimentos da agricultura familiar. Esses projetos, apresentados por 3,6 mil associações e cooperativas, reúnem 77 mil famílias de produtores, com uma previsão de entrega de 248 mil toneladas de itens - de hortifrutigranjeiros e carnes a produtos de agroindústrias, como pães e biscoitos. “Foram 350 tipos de produtos ofertados, o que mostra que a agricultura familiar brasileira tem uma potência”, destaca Pretto. Do Rio Grande do Sul, foram recebidas 80 propostas, totalizando mais de R$ 32 milhões, ou 10% da oferta nacional.

Para o presidente da Conab, um dos pontos positivos do novo PAA é a exigência de que os projetos apresentados tenham uma participação mínima de 50% de mulheres. “O dado é que 70% do público que ofertou produtos da agricultura familiar foram mulheres. Então, a gente quer também com esse programa buscar a independência econômica das trabalhadoras rurais, contribuir para isso”, afirma.

Lançado no primeiro mandato do presidente Lula, o PAA completa neste ano duas décadas de criação. Segundo Pretto, o programa investiu no período R$ 11 bilhões (em valores atualizados) em compras de produtos agrícolas, com uma média de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões por ano. No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, porém, a iniciativa foi rebatizada de Alimenta Brasil e teve seu orçamento praticamente zerado. Pretto diz que a iniciativa se tornou uma referência para outros países latino-americanos, interessados em conhecer o sistema de compras públicas do governo brasileiro. “Já firmamos a intenção de cooperação com a Colômbia, com México, Honduras”, diz.


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