Cotação da soja dispara em todos os mercados

Cotação da soja dispara em todos os mercados

Forte demanda internacional combinada com quebra da safra na América do Sul acirrou a competição pelo grão e elevou seus preços

Patrícia Feiten

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A forte demanda por soja no mercado internacional, a alta nas cotações do grão na Bolsa de Chicago e os prêmios de exportação do produto estão elevando o valor da oleaginosa a níveis recordes no mercado interno. O movimento é atribuído por analistas à expectativa de quebra da safra 2021/2022, por estiagem, no Brasil e em países da América do Sul. A previsão é que as cotações continuem subindo mesmo após a entrada da colheita no mercado.

No mercado à vista (spot) nacional, o Indicador Esalq/BM&F Bovespa da soja com base no porto paranaense de Paranaguá atingiu R$ 193,36 por saca de 60 quilos na sexta-feira (4), até então o maior valor nominal da pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP, iniciada em março de 2006. Depois disso, as cotações passaram para R$ 197,85 na segunda-feira e R$ 196,56 na terça-feira.

Já o prêmio para embarque em março deste ano, com base no mesmo porto, teve comprador a US$ 1,23 por bushel e vendedor a US$ 1,40 por bushel no dia 3 de fevereiro. Foi o maior valor nominal para embarque em março (negociado no primeiro bimestre) desde o início da série do Cepea, em junho de 2004.

Segundo o analista Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado, os contratos futuros de soja na Bolsa de Mercadorias de Chicago subiram nos últimos dias a patamares mais altos do que os de novembro e dezembro do ano passado, superando os 15 dólares por bushel. “(Há) uma competição muito grande pela soja brasileira, tanto no mercado interno quanto no de exportação”, diz Gutierrez, observando que, no Rio Grande do Sul, a saca é cotada acima de R$ 200, mesmo com o dólar em queda.

Para o analisa Farias Toigo, a tendência é que essa disputa pelo grão se intensifique nos próximos meses, o que poderá resultar em novos recordes na bolsa norte-americana. “O mercado lá fora já repercutiu essa estiagem muito forte”, avalia o consultor. Ele prevê que os preços internos continuem firmes. “(É possível) o bushel romper os 16 dólares, e teremos soja a R$ 220, R$ 230 no porto”, calcula o analista.

O consultor da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), José Domingos Teixeira, lembra que os produtores do Sul do Brasil, do centro da Argentina e do Paraguai vão deixar de colher pelo menos 45 milhões de toneladas neste ano. A corrida internacional pelo grão manterá os preços em alta até a entrada da próximo safra no Hemisfério Norte, em setembro. “Para quem tem soja é excelente, mas o Rio Grande vai colher uma frustração na faixa de 76% em relação ao ano passado, o produtor não tem grão (para exportar)”, diz.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895