Cotrimaio é pressionada a pagar grãos

Cotrimaio é pressionada a pagar grãos

Montante chega a cerca de R$ 50 milhões. Associados cobram o recebimento

Cíntia Marchi

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Associados da Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai (Cotrimaio), com sede em Três de Maio, cobram o recebimento de valores dos grãos entregues à organização neste ano. O montante chega a cerca de R$ 50 milhões. Descontentes com a situação, agricultores ligados aos sindicatos rurais e sindicatos dos trabalhadores rurais da região promoveram uma manifestação, com uma carreata pela cidade, pedindo a saída da atual diretoria, na semana passada. Alguns produtores também ingressaram na Justiça pedindo a rescisão de contratos futuros fechados com a cooperativa.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Três de Maio, Neri Schroer, sem receber os valores referentes à safra 2019/2020, muitos produtores não conseguiram honrar seus compromissos financeiros, não tiveram dinheiro para pagar os custeios agrícolas e se viram forçados a buscar outras fontes de recursos para financiar a safra 2020/2021. “Os produtores acreditavam na cooperativa e ficaram na mão”, diz Schroer.

Além disso, comenta Schroer, muitos associados ficaram insatisfeitos com o fato de a cooperativa ter vendido, sem consentimento deles, grãos depositados nos armazéns. “Em um ano de escassez de grãos, muitos ficaram sem milho para tratar os animais”, pontua o dirigente.

Segundo o presidente da cooperativa, Silceu Dalberto, a dívida total com os produtores soma cerca de R$ 70 milhões. Deste montante, cerca de R$ 20 milhões são de débitos anteriores a 2013, ano em que a organização iniciou o processo de autoliquidação. Dalberto explica que a disparada nos preços das commodities, associada ao enfraquecimento de outros negócios da cooperativa em função da pandemia do coronavírus, prejudicou o acerto de contas com os produtores. Mesmo assim, informa que 34% deles já receberam os valores devidos. Relata ainda que, em julho, em assembleia, a diretoria apresentou um plano de pagamento com prazo de sete anos, que foi aprovado pelos associados presentes.

Dalberto destaca que, em setembro, a Cotrimaio locou pontos de recebimento de grãos e outras estruturas para a Cotrisal e que todo o valor do aluguel será revertido para pagamento dos produtores. Lembra que de 2013 para cá, o passivo da cooperativa caiu de R$ 850 milhões para R$ 231 milhões (valor levantado em julho deste ano). “A Cotrimaio está viva e disponível para dialogar com todos”, avisa.


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