Cultivo de arroz enfrenta queda na rentabilidade

Cultivo de arroz enfrenta queda na rentabilidade

Em reunião durante a Abertura da Colheita, Câmara Setorial apontou perdas provocadas por estiagem e disparada do preço dos insumos

Nereida Vergara

Evento segue até amanhã com exposição, vitrines tecnológicas e debates

publicidade

Mesmo capitalizados pela safra 2020/2021, quando conseguiram bons preços pelo grão, os produtores de arroz têm desafios para enfrentar no ciclo 2021/2022, como a estimativa de quebra na produção em decorrência da estiagem e a diminuição da rentabilidade, que não acompanhará a disparada do preço dos insumos.

Essas análises estiveram no centro dos debates da reunião da Câmara Setorial Nacional do Arroz, nesta quarta-feira, dentro da programação do primeiro dia da 32ª Abertura da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, no Sul do Estado.

O analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sérgio Santos Júnior, projetou em 11,4% a perda de produtividade do arroz gaúcho no ciclo atual, em relação aos 9 mil quilos por hectare do ano passado.

Santos Júnior comentou que as perspectivas de comercialização do arroz brasileiro no mercado internacional são boas, que a capitalização dos produtores vai permitir o escalonamento das vendas e a estabilidade nos preços (hoje por volta dos R$ 72,00 a saca de 50 quilos, de acordo com o Cepea/Esalq/USP), mas que a rentabilidade será prejudicada. “Identificamos um significativo aumento tanto do custo variável quanto do operacional, e esta elevação está nos levando de volta para um cenário de rentabilidade não muito atrativa para a safra 2021/2022”, concluiu. Segundo o diretor Comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), João Batista Gomes, o orizicultor terá de desembolsar R$ 90,74 para pagar cada saco de arroz colhido.

Daire Coutinho, presidente da Câmara Setorial, salientou a importância de questões legislativas no futuro da cultura do arroz. “Temos o vencimento da antiga lei de classificação do grão e um projeto novo, que já está indo para o Senado e traz uma nova realidade, focando também na rastreabilidade”, acrescentou.

À tarde, a Abertura da Colheita se dedicou ao debate sobre tendências tecnológicas e de mercado da cultura, com destaque para a participação do produtor rural e agrônomo Francisco Graziano Neto. Ele disse que a orizicultura gaúcha cumpre a maior parte das necessidades tecnológicas para ser fornecedora de alimentos ao mundo, como uso de cultivares produtivas e resistentes a doenças, irrigação e práticas de sustentabilidade. Aconselhou, no entanto, que todas as mudanças que precisam ser feitas aconteçam com celeridade, porque o contingente populacional do mundo cresce rapidamente e a exigência de comida de qualidade feita pelo consumidor também.

A 32ª Abertura da Colheita do Arroz se estende até amanhã. Estão abertas para visitação 40 vitrines tecnológicas e estantes de 90 expositores.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895