Custos de produção e preços de soja e milho compõem cenário de desafios para a próxima safra

Custos de produção e preços de soja e milho compõem cenário de desafios para a próxima safra

Aprosoja Brasil e Abramilho apresentaram projeções, enquanto Farsul divulgou relatório de índices de inflação

Correio do Povo

Despesas com fertilizantes recuaram significativamente de janeiro a maio deste ano, mas outros itens que formam a lavoura de soja não caíram na mesma proporção

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A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) apresentaram nesta terça-feira (4) projeções para a safra 2023/2024. O pesquisador Mauro Osaki, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), apresentou um cenário preocupante e que exigirá racionalidade do produtor rural para a próxima safra de verão. Conforme Osaki, embora o custo de fertilizantes tenha recuado significativamente de janeiro a maio deste ano, outros itens que compõem o custo de produção não recuaram na mesma proporção, o que vai apertar ainda mais as margens. "A impressão geral dos produtores é de que os preços agrícolas caíram mais rápido do que seus custos de produção", disse.

Conforme o pesquisador, a safra 2023/2024 será mais desafiadora. “Nossa análise traz outros resultados referentes à consequência da desvalorização do preço de soja e milho, tais como o sinal amarelo na produtividade de nivelamento da soja para saldar o custo operacional efetivo e total para a safra 23/24 e um prejuízo na produção de milho segunda safra para a temporada de 22/23”, afirmou.

Segundo Ozaki, a forte desvalorização dos preços médios da soja no mercado interno tem projetado uma quantidade de sacas para saldar o custo operacional efetivo (COE) para a  temporada 2023/2024 próximo da produtividade média das últimas safras. No milho, o pesquisador projeta que o produtor deve amargar prejuízo na segunda safra 2022/2023 por conta do descompasso entre produzir com alto custo e negociar com os preços médios dos últimos meses. “A sensação é de que o custo e o preço andam em ritmos diferentes. O ajuste do preço agrícola desce de elevador, enquanto o custo desce de escada. A conta não fecha”, disse.

Farsul apresenta dados

Também nesta terça-feira, a Federação da Agricultura do RS (Farsul) divulgou seu relatório de índices de inflação de Custos de Produção (IICP) e dos Preços Recebidos pelos Produtores (IIPR). Conforme a assessoria econômica da Farsul, a sequência de quedas do IICP, iniciada em junho de 2022, teve continuidade em maio de 2023, com retração de 4,3% em relação a abril. A taxa cambial refletiu nos custos de fertilizantes e fretes. Como reflexo da queda dos fertilizantes desde a metade do ano passado, o IICP acumulado em 12 meses registrou -30,46%. Segundo o relatório, os preços dos fertilizantes ainda estão em patamares superiores aos do começo de 2021.

O IIPR também teve deflação em maio, com 9,57% em relação ao mês anterior. A maior parte dos produtos que compõem o índice apresentaram queda de preços, especialmente soja, milho e trigo. Conforme o estudo, o declínio resulta da entrada da safra de verão e altas nas comercializações no Hemisfério Norte.

Enquanto o IIPR acumulado em 12 meses caiu 24,14%, o IPCA Alimentos inflacionou 5,54% no mesmo período, que reafirma não haver relação entre os preços dos supermercados e os praticados no campo. “Existem outros fatores que contribuem para as variações do preço dos alimentos ao consumidor que não somente o preço recebido pelo produtor, como o custo com energia elétrica, mão de obra, combustíveis, entre outros”, informou a entidade.


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