Custos de produção elevam preços dos ovos

Custos de produção elevam preços dos ovos

Preço da dúzia de ovos brancos na Ceasa/RS é 37,5% maior que o de um ano atrás

Camila Pessôa

Preço dos ovos vermelhos é de R$ 5,50 por dúzia

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O preço dos ovos no Rio Grande do Sul teve alta de 37,5% nos brancos e de 34,6% nos vermelhos, comparando-se os valores mais praticados pelos feirantes da Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) em 17 de janeiro de 2022 e 18 de janeiro de 2023. No período, a dúzia da variedade branca passou de R$ 4,00 para R$ 5,50, e a da vermelha, de R$ 4,33 para R$ 5,83.

A principal razão para a elevação está no aumento dos custos de produção, em especial do milho e do farelo de soja, parcialmente repassado ao consumidor, de acordo com o diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua. “Esses itens representam 80% dos custos de produção totais para os produtores de ovos e aumentaram 150%. Ou seja, eles perderam muito dinheiro”, explica Rua. O diretor também avalia que não há grandes perspectivas de redução nos valores praticados atualmente.

“Muitos produtores tiveram inclusive que diminuir ou abandonar a atividade porque de fato estão dois anos seguidos sofrendo com esse aumento expressivo dos custos de produção, e não conseguem repassar na totalidade esse custo para os consumidores”, considera Rua. De acordo com ele, esse aumento dos preços ocorre principalmente por conta de especulações do mercado a partir de 2021, em parte decorrentes da guerra entre Ucrânia e Rússia e problemas climáticos em diferentes países do mundo, somadas à estiagem no Sul do Brasil e desvalorização do real. “O preço do milho está mais do que o dobro do que era há dois anos atrás”, ressalta. 

De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, outra razão para os aumentos são as oscilações de mercado, em especial no Rio Grande do Sul, um dos estados brasileiros com maior consumo, então a demanda gaúcha, quando não acompanhada pela oferta, causa alta nos preços. “E também o custo de produção que esse segmento sofre é similar ao do frango de corte, porém com alguns diferenciais. Por exemplo, o transporte do ovo in natura não é feito em caminhões frigoríficos, então ele tem que seguir uma logística muito rigorosa para não prejudicar o período de validade. Tudo isso implica em situações de alto custo de produção”, pontua Santos.

O presidente da Asgav afirma que esses repasses ocorrem porque o produtor precisa se capitalizar para continuar produzindo, então acaba diminuindo os alojamentos quando há excesso de produção. Segundo ele, os produtores ainda estão em fase de recuperação desses altos custos. Santos diz, também, que a oferta em 2023 deve ficar mais ajustada, sem sobras ou excedentes. “O setor vai trabalhar com cautela”, afirma. Mesmo assim, ele avalia que os preços não devem aumentar em mais de 20% este ano.


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