Denúncias de deriva do herbicida 2,4-D caem 43% no Estado, diz Seapdr

Denúncias de deriva do herbicida 2,4-D caem 43% no Estado, diz Seapdr

Queda é atribuída à fiscalização e ao treinamento de aplicadores, mas produtor de vinho afirma que problema persiste

Patrícia Feiten

Departamento registrou 74 denúncias e 90 coletas de material vegetal

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As denúncias de deriva do herbicida 2,4-D no Rio Grande do Sul caíram 43% entre agosto e novembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2020, de acordo com o Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR). Neste ano, o órgão registrou 74 denúncias e 90 coletas de material vegetal para análise, ante 129 denúncias e 158 coletas em 2020. Os casos foram relatados por produtores rurais em 26 municípios, onde o defensivo prejudicou 19 cultivos. Desses, a uva representou o maior número de amostras coletadas (51).

Segundo o chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários do DDV, Rafael Friedrich, a queda nas denúncias reflete o trabalho de fiscalização e treinamento dos trabalhadores envolvidos na aplicação dos defensivos. “Esperamos que este número se reduza ainda mais, a partir da análise das amostras”, disse. Após a conclusão dos laudos químicos, a Divisão fará uma análise comparativa detalhada, para verificar se os municípios apresentaram melhora nos indicadores em relação aos anos anteriores.

Para o coordenador da Comissão do Meio Ambiente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Domingos Antônio Velho Lopes, os números divulgados mostram os resultados positivos dos treinamentos promovidos pelo Senar-RS em parceria com a entidade no programa Deriva Zero. Mesmo com as restrições impostas pela pandemia de Covid-19, a iniciativa capacitou neste ano mais de 3 mil pessoas no Estado. “Estamos planejando para 2022 o treinamento de mais de 5 mil produtores rurais e aplicadores, acreditamos que este é o caminho certo”, disse Lopes.

O presidente da Associação Vinhos da Campanha, Valter José Pötter, afirma que os problemas de deriva nos vinhedos persistem. Segundo o produtor, o menor número de denúncias se deve ao atraso no preparo das lavouras de soja – com aplicação de herbicida – na safra 2021-2022. Até o final do plantio da oleaginosa, em dezembro, esse número deve alcançar ou ultrapassar o observado no ano passado, acredita Pötter. “Parte dos produtores não estão fazendo o registro da ocorrência, perderam a motivação de fazer a denúncia, pois não têm expectativa de que vá resultar em indenização e suspensão de uso do 2,4-D”, disse. “Este ano, todos os vinhedos em Dom Pedrito e 80% dos vinhedos em Livramento foram atacados por deriva.”


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