Desafios do agro pautam Marjorie Kauffmann à frente da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura

Desafios do agro pautam Marjorie Kauffmann à frente da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura

Reconduzida ao comando da pasta pelo governador Eduardo Leite, engenheira florestal tratará de estratégias para reservação de água já no início de 2023

Patrícia Feiten

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Após ser confirmada para uma segunda jornada à frente da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), a engenheira florestal Marjorie Kauffmann se prepara para o desafio de transformar o Rio Grande do Sul – com a colaboração do setor agropecuário – em protagonista no cenário ambiental. Segundo Marjorie, a pasta dará continuidade ao trabalho integrado desenvolvido neste ano com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), que, nos últimos nove meses, esteve sob o comando do produtor rural e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Domingos Lopes Velho. 

“Construímos um perfil diferente para o Estado, do ponto de vista de que a agricultura esteve presente nestes palcos do meio ambiente”, avalia Marjorie, citando a participação das equipes das duas pastas na Semana do Clima de Nova York, nos Estados Unidos, em setembro deste ano, e na 27ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), em novembro, no Egito. “Trabalhamos na estruturação de grupos permanentes que, independentemente dos secretários, vão se perpetuar em outras gestões. É preciso que isso seja mantido, para que possamos (honrar) os compromissos que o governo assumiu de reduções de emissões”, destaca.

Entre as metas para 2023, a secretária afirma que, nas primeiras semanas do ano, pretende se reunir com o futuro titular da Secretaria do Desenvolvimento Rural (SDR), Ronaldo Santini, para tratar de ações conjuntas de interesse do agronegócio, como as estratégias de reservação de água para proteção contra estiagens. “Antes da COP27, estivemos em Israel e verificamos sistemas mais eficientes de irrigação e reuso de água na agricultura. Essas pautas serão aproveitadas dentro das duas pastas”, afirma Marjorie.

A transição energética será uma de suas grandes pautas na liderança da Sema. Nos primeiros dois meses do próximo ano, a pasta deverá apresentar os dados de um estudo sobre o potencial para a produção de hidrogênio verde no Estado, encomendado à consultoria norte-americana McKinsey & Company. “Este mapeamento tem o principal objetivo de mostrar o quanto o Rio Grande do Sul pode ser a opção dos países para a produção deste combustível, que não é fóssil, pela riqueza tem na fonte eólica (solar) e na matéria-prima do hidrogênio verde, que é a água”, adianta.

A Sema também planeja fortalecer o projeto Energia Forte no Campo, que prevê a melhoria das redes de distribuição de energia elétrica no meio rural. Em sua terceira fase, a iniciativa recebeu neste ano R$ 40 milhões em recursos do Programa Avançar Sustentabilidade, do governo gaúcho, para repasse às cooperativas de eletrificação rural. “O projeto tem um formato em que as cooperativas entram como fiadoras. Conseguimos disponibilizar recursos com diferentes órgãos de fomento, e o Estado entra subsidiando parte desse valor”, explica Marjorie. Neste ano, foram lançados três editais para seleção de projetos na área. “Nossa intenção é fazer pelo menos mais dois editais em 2023, abrindo a parceria não só para as cooperativas, mas também para os municípios”, adianta a secretária. 

Para o presidente da Farsul (Gedeão Pereira), a Sema tem papel estratégico no agronegócio. “Temos de resolver os problemas de irrigação. Já estamos novamente com perdas no milho por falta de água, e é através da Secretaria do Meio Ambiente que vamos resolver”. A entidade defendia a continuidade de Lopes Velho na pasta da Agricultura e diz que, ao manter a secretária, o governador Eduardo Leite atendeu a “50% dos pedidos” do setor. “Foi um grande secretário e deixou um belíssimo trabalho na dobradinha com Marjorie”, disse Pereira.


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