Descompasso nos custos e preços do leite

Descompasso nos custos e preços do leite

Queda do consumo de leite e derivados achata preços

Patrícia Feiten

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O valor de referência do litro de leite – usado pelas indústrias para pagamento aos produtores – está projetado em R$ 1,7009 para setembro, informou ontem o Conseleite. Calculado com base nos primeiros 10 dias do mês, o indicador mostra uma redução de 1,97% em relação ao preço consolidado de agosto, de R$ 1,7351.

Segundo o coordenador do Conseleite, Alexandre Guerra, o valor reflete a queda do consumo de leite e derivados, com a perda de poder aquisitivo da população desde o início da pandemia da Covid-19. “Os produtos perderam a força de venda, o que acabou achatando os preços”, avalia.

Responsável pelo levantamento mensal do Conseleite, o professor Marco Antonio Montoya, da Universidade de Passo Fundo, observa que o leite vem se valorizando na série histórica. Mas, ao mesmo tempo, os custos de produção superam a inflação. “Está se tornando muito caro produzir leite, tanto no campo quanto na indústria”, afirma.

No campo, o aumento dos custos é puxado pelos gastos com rações e insumos. De janeiro a agosto de 2021, somente os fertilizantes subiram 60%, destaca o assessor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Kaliton Prestes.

O vice-presidente da Fetag, Eugênio Zanetti, diz que, enquanto a tendência é de estabilidade nos valores de referência do leite, os custos em alta desestimulam os produtores, e lembra que, em seis anos, 52% deles desistiram da atividade.

Para o Sindicato da Indústria de Laticínios, a tendência do momento é de baixa. “As empresas tentaram repassar custos, mas como não existe alternativa de insumos mais baratos, precisam rever os preços ao produtor”, analisa o secretário-executivo, Darlan Palharini. “Não há como manter o valor do leite nesse patamar.”


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