Doença de Aujeszky é registrada no Rio Grande do Sul após 20 anos do último caso

Doença de Aujeszky é registrada no Rio Grande do Sul após 20 anos do último caso

Enfermidade, debelada em 2003, foi registrada em propriedade de subsistência em São Gabriel

Lucas Keske*

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Após quase 20 anos sem detectar a Doença de Aujeszky, o Rio Grande do Sul novamente registrou a enfermidade. O foco foi identificado em uma criação de suínos de subsistência, localizada em São Gabriel. A confirmação chegou na última sexta-feira, dia 23, quando o Laboratório Nacional de Defesa Agropecuária, de Minas Gerais (LDDV-MG) constatou a doença em um dos 46 exemplares do plantel.

Após receber o laudo, as equipes do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA) da SEAPDR e da Superintendência Federal da Agricultura no Rio Grande do Sul (Mapa/RS) isolaram a propriedade e, na última segunda-feira, realizaram o sacrifício sanitário dos animais. Agora, o trabalho concentra-se no rastreamento epidemiológico em propriedades que enviaram ou receberam suínos da propriedade até 30 dias antes da manifestação dos sinais clínicos. Também realizam uma força-tarefa para percorrer todas as criações localizadas num raio de 5 km a partir do foco para coleta de sangue de outros suínos.

“É importante deixar claro que não há essa questão de avanço do vírus. Foi um caso, em um leitão, nessa propriedade”, explica a diretora do DDA, Rosane Collares. A origem do foco ainda não foi identificada, mas a SEAPDR publicou instrução normativa, ontem, suspendendo o transporte das carcaças de javalis abatidos para fins de controle populacional, oriundos de São Gabriel. 

O presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do Estado do Rio Grande do Sul (Fundesa), que esteve no local na terça-feira, explica que a criação afetada não é economicamente ativa. “Isso não traz impacto a nenhuma produção e nem à exportação do setor. O único país com restrição à doença era a Rússia, que não compra mais carne suína do Rio Grande do Sul”, avalia.

O Fundesa dá suporte às coletas e ao envio de material para análise, além de fornecer antígenos para o processamento das amostras. A sorologia é realizada pelo LDDV-MG e pelo Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), em Eldorado do Sul. “As equipes técnicas que estão em campo são muito competentes e realizam um trabalho exemplar”, declara Kerber. 

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, lembra que a região onde ocorre o problema é distante das produções industriais, o que não implica consequências negativas aos suinocultores. O Mapa comunicará a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) sobre a doença em seus rotineiros relatórios semestrais, diz a superintendente do Mapa/RS, Helena Rugeri.

Histótrico da doença

A doença de Aujeszky ocorreu no Rio Grande do Sul em 2003. Segundo Kerber, o vírus teria provavelmente vindo de Santa Catarina, por meio de suínos, pelo trânsito de pessoas ou de veículos que lá estiveram. “Tivemos foco em Pinheirinho do Vale e em Aratiba. Na oportunidade, houve uma contaminação muito forte com sacrifício de mais de 27 mil suínos”, afirma. Além de suínos domésticos, silvestres e asselvajados, a enfermidade pode acometer bovinos, ovinos, caprinos, equinos, cães, gatos, coelhos e mamíferos silvestres. Contudo, não é uma zoonose, ou seja, sem risco para a saúde humana. Os principais sintomas são tremores, vocalização, perda de movimento das patas traseiras, pressão da cabeça contra objetos e manchas no abdômen.

*Sob orientação de Nereida Vergara.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895