Ensaio de Cultivares em Rede da Soja 2022/2023 comprova que escolha de semente correta traz ganho
Estudo do Sistema Farsul e Fundação Pró-Sementes, que teve refletiu resultado da estiagem, analisou 40 cultivares em 11 municípios do Rio Grande do Sul na safra de verão
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A decisão do produtor pelas cultivares que vai plantar a cada ciclo tem um impacto econômico bastante significativo na rentabilidade obtida ao final de safra. Na soja, por exemplo, a escolha certa na safra 2022/2023 resultou num ganho de 27 sacos por hectare, em relação a uma cultivar de menor desempenho. Financeiramente, considerando o preço da saca de soja em R$ 135,00, a escolha pela variedade mais tecnológica rendeu ao produtor R$ 3.645,00 por hectare a mais ao agricultor. A informação faz parte do Ensaio de Cultivares em Rede da Soja 2022/2023 (ECR), publicação produzida com base no estudo feito pela Fundação Pró-Sementes em parceria com o Sistema Farsul, divulgado ontem. Qualquer produtor pode solicitar à Farsul o acesso à publicação.
De acordo com gerente de pesquisa da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl, nesta safra foram feitos experimentos em 11 municípios gaúchos, mas, em razão da estiagem, três campos foram descartados. “Infelizmente, tivemos que condenar três campos em função da estiagem. O estabelecimento foi muito ruim e não se conseguiu um experimento uniforme para apresentar dados dos ensaios realizados em Pelotas, Cachoeira do Sul e Bagé”, disse. Segundo Kassiana, a ausência de chuva e uniformidade foram fatais. “Em Cachoeira do Sul, durante a fase de florescimento e enchimento de grão, precisaríamos de sete milímetros de chuva por dia. Seriam 65 dias entre floração e maturação, ou 450 milímetros, mas isso não foi o total nem durante todo o ciclo da cultura”, relatou.
O ECR implantou áreas com 40 variedades de sementes de grupos de diferentes estágios de maturação, apurando a produção máxima em Vacaria, onde uma cultivar de ciclo precoce produziu 108 sacas por hectare. Conforme Kassiana, o Estado tem potencial para colher mais de 100 sacas por hectare. “Mas tem que ter tudo alinhado para alcançar esse máximo teto produtivo. A escolha da cultivar demonstra que podemos estar chegando a até 30 sacas de perda ou ganho”, avaliou.
O superintendente do Senar-RS (que patrocina a pesquisa junto com a Bayer), Eduardo Condorelli, fez uma analogia comparando cada cultivar a um modelo e marca de carros e salientou que a diferença entre um Jipe e uma Ferrari depende das condições do terreno. “Se pensássemos em termos de automóveis, 25% das estradas do nosso Estado estavam intransitáveis, não há veículo que as cruze, para demonstrar a gravidade da seca”, afirmou. “Testamos 40 tipos de veículos, e nenhum deles cruzou a estrada satisfatoriamente”, disse Condorelli. O superintendente afirmou que, em 15 edições do ECR, nunca as perdas foram tão grandes. “As melhores variedades de soja produziam acima de 100 sacos em outros anos, e este ano nos damos (por) satisfeitos com os campeões estarem com 60, 70 sacos”, complementou.
O vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, pontuou que os resultados deste ano mostram que o produtor precisa ter resiliência e preparo, inclusive emocional, para suportar perdas e dificuldades. “Tivemos custos na contratação dos insumos 42% a maior do que no ano anterior. Na hora de vender os preços estão no mesmo patamar”, alertou.