Equoterapia: inclusão a cavalo
Prática conta com 35 centros no Rio Grande do Sul
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No Centro de Equoterapia Cavalo Amigo - um dos 35 em atividade no Estado -, os cavalos passam por treinamento por meio da doma racional, chamada também de doma gentil, método disseminado mundialmente pelo americano Monty Roberts, o “encantador de cavalos”. A técnica evita a violência com o animal, muito mais conhecido na lida no campo do que em atividades urbanas. “Depois dessa doma, o cavalo fica muito mais manso, dócil e sofre uma dessensibilização”, explica o educador físico Sandro Fernandes, coordenador do Cavalo Amigo. De acordo com ele, isso faz com que o equino não se exalte ao ouvir choro ou gritos. “Se precisar que o cavalo fique parado, ele vai ficar, coisa que numa doma tradicional não é possível”, acrescenta. “E o cavalo que não consegue ficar parado, para a equoterapia não adianta.”
O treinamento dos equinos inclui a adaptação à nova rotina, já que a maioria vem da Fronteira Oeste - muitos são fruto de doações. “Lá na Fronteira eles têm a possibilidade de permanecer mais soltos, o que é um ideal muito visado no manejo de cavalos”, explica a instrutora Ester Pereira. Fora da região de origem, segundo ela, isso é muito limitado. “São poucos os locais que respeitam essa necessidade do cavalo, tanto do bem-estar físico, quanto mental.”
A prática é indicada para crianças, adultos e idosos com qualquer tipo de doença, exceto espinha bífida e luxação no quadril. Os movimentos ajudam a melhorar a coordenação motora e trabalham a autoestima. “Tudo é através do movimento tridimensional, que vai estimular os cinco sentidos”, explica Fernandes. O resultado é fácil de ser observado. Autista, Bernardo da Silva Coelho, de 2 anos e 11 meses, chega agitado à pista, segurando um cavalo de brinquedo. Ao montar na égua Mansinha, o semblante fica sério e ele demonstra concentração. Segundo a mãe, Débora da Silva, o comportamento é bem diferente de quando ele iniciou a terapia, há cinco meses. “Quando chegou, ele não olhava no olho das pessoas. Era bem sério”, comenta. “É bom porque ele fica à vontade”, emenda a mãe. “A criança que tem problema neurológico não pode ser forçada. Tem de ter movimentos espontâneos.” Portadora de tuberose esclerose, Emanuelle Lucas, 5 anos, frequenta a equoterapia há apenas dois meses e já apresenta avanços em relação aos movimentos. “A atenção dela está a mil”, atesta a mãe, Maristela Lucas.
Confira o vídeo: