Estado deve retomar equilíbrio na captação de leite

Estado deve retomar equilíbrio na captação de leite

Previsão é de aumento da produção nos próximos meses

Camila Pessoa*

Região sul tem vantagem por estar em período de safra no inverno

publicidade

Na contramão de outras regiões produtoras de leite no Brasil, o Rio Grande do Sul deve retomar o patamar de estabilidade na captação do produto entre agosto e setembro deste ano. Segundo o coordenador do Conseleite, Eugênio Zanetti, o déficit entre consumo e captação, observado até agora, deve acabar em agosto. “Com as pastagens de azevém e aveia, a tendência é de que o inverno seja um período de aumento de produção”, explica o coordenador. “O cenário se desenha para que em agosto comece a haver equilíbrio entre a captação e a venda e para que a partir de setembro tenha mais captação do que venda”.

De acordo com o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini, em junho foram produzidos, por dia, 600 mil litros a mais do que em maio e a tendência é de que em julho sejam produzidos 1 milhão de litros a mais do que em junho por dia. Segundo ele, o inverno representa vantagem para o sul do Brasil, região que está em período de safra nesses meses, enquanto o resto do país está em entressafra. Então “a tendência de captação é melhorar, desde que não tenhamos nenhuma mudança climática que afete as pastagens de inverno, principalmente a falta de chuvas ou falta da luz solar”, avalia Palharini. 

O valor de referência projetado para junho é de R$ 2,6551 por litro de leite. Os valores consolidados vão ser divulgados pelo Conseleite em 26 de julho. Já a projeção para julho vai ser divulgada após a próxima reunião dos representantes do setor, que ocorre no dia 19. Para Palharini, “a expectativa é de aumento, já que o preço ao atacado continua subindo e o cálculo do Conseleite leva em conta o valor de venda comercializado pelas indústrias ao atacado para definir o valor de referência”. Por outro lado, Zanetti projeta estabilidade nos preços. 

O volume de leite captado no Rio Grande do Sul caiu 12% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, passando de 840 milhões de litros para 739,3 milhões, de acordo com dados do IBGE. Um dos fatores que influenciam na captação é o clima. “A produção é sensível à estiagem, às geadas ou ao excesso de chuvas, pois a alimentação do rebanho está ligada a uma pastagem de qualidade e a produção de milho para silagem”, explica Zanetti. A entressafra no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná; a falta de reajustes nos preços para cobrir o aumento dos custos de produção entre janeiro de 2021 e abril de 2022; e a desistência de produtores da atividade também influenciaram diretamente na diminuição do volume captado, de acordo com as entidades.

*Sob supervisão de Thaise Teixeira


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895