Estiagem impacta venda de peixe durante a Semana Santa no Rio Grande do Sul

Estiagem impacta venda de peixe durante a Semana Santa no Rio Grande do Sul

Redução na oferta leva Emater/RS-Ascar a reduzir em 24,2% a estimativa de comercialização de pescado até sexta-feira no Estado

Camila Pessôa

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Esta promete ser a Semana Santa em que o Rio Grande do Sul comercializará o menor volume de pescado nos últimos dez anos. Com redução na oferta devido ao terceiro verão de estiagem, a Emater/RS-Ascar projeta que 2,49 mil toneladas sejam comercializadas até a próxima sexta-feira. A quantidade é 24,25% menor que as 3,34 mil toneladas vendidas no mesmo período do ano passado, totalizando 843.646 quilos a menos que no ano anterior. Apesar disso, recuo ainda é 9,16 pontos menor que o de 33,41% nas vendas de 2022 em comparação às de 2021, que somaram mais de 5 mil toneladas. No entanto, não suficiente para segurar um consumo 9,78% inferior ao de 2013, quando o RS comercializou 2,76 mil toneladas de peixes, o menor volume da última década.

De acordo com extensionista da Emater/RS-Ascar, João Alfredo Sampaio, responsável pela Previsão da Comercialização de Pescados para a Semana Santa, divulgada ontem, a menor oferta decorre também de vendas antecipadas devido à redução do volume de água nos açudes. “Muitos produtores disponibilizaram menos peixes devido à redução na quantidade e na qualidade da água utilizada para a piscicultura”, explica Sampaio. 

A projeção de queda nas vendas ocorre mesmo frente à redução no preço médio do produto ao consumidor, de R$ 21,16 /kg em 2022 para R$ 19,49 em 2023. Com isso, a Emater/RS-Ascar projeta que as vendas fiquem em R$ 53,5 milhões, 24,31% a menos que no ano passado, com um valor total de R$ 70,7 milhões. “O sistema de produção intensivo em viveiros de solo, que é o mais praticado no Estado, necessita muita água, aqueles que não tem essa condição reduziram a produção. A estiagem afeta qualquer sistema produtivo que necessite de renovação de água”, explica Sampaio. 

As informações provêm de 407 escritórios da Emater/RS-Ascar e contemplam feiras urbanas, rurais e vendas em pesque-pague. Os dados também provêm da pesca de captura realizada em residências de pescadores, de locais de comercialização na beira da praia e na beira dos rios. Consideram-se ainda as vendas realizadas por ambulantes e por outros locais, como peixarias e mercados. 

De acordo com o diretor do Mercado Público de Porto Alegre, Ronaldo Gomes, a expectativa é de que as vendas da 243ª Feira do Peixe superem as de 2022. “A estrutura está toda montada, estamos com toda a parte de sanidade sob controle”, destaca. Segundo Gomes, os preços médios do quilo dos pescados estão entre R$ 35 e R$ 38. No entanto, lembra que há variedades mais em conta, custando menos de R$ 15,00/kg. Os peixes mais vendidos são os de origem marinha, como Bagre, Taínha e Corvina, seguidos pela Tilápia e pelos peixes de água doce. 


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