Expectativa de superação marca o Dia Mundial do Cooperativismo no Rio Grande do Sul

Expectativa de superação marca o Dia Mundial do Cooperativismo no Rio Grande do Sul

Após três estiagens, cooperativas agrícolas enfrentam endividamento e quebra de mais uma safra de grãos 


Itamar Pelizzaro

O segmento agro é o mais forte do cooperativismo gaúcho, com 95 cooperativas e 278,1 mil produtores associados, gerando mais de 41,5 mil empregos diretos.

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No Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado neste sábado em todo o mundo, o setor agropecuário no Rio Grande do Sul está cercado de expectativa. “Não temos muita coisa para comemorar”, dispara o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro/RS), Paulo Pires, preocupado com o endividamento de agricultores gaúchos após a estiagem que dizimou lavouras na safra de verão e no aguardo de ações na esfera federal para resolvam questões financeiras pendentes. 

“Os patamares de prorrogação de contas no sistema financeiro não contemplam, não são satisfatórios. Infelizmente, com certeza isso vai prejudicar a próxima safra, pois quem não conseguir acertar suas contas não vai plantar com normalidade”, afirmou Pires. O dirigente fala em nome de 42 cooperativas agropecuárias ligadas à FecoAgro/RS, que representa 173 mil produtores, a maioria em regime de economia familiar. “Queremos tratamento especial para o Rio Grande do Sul, precisamos de uma resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) e do Banco Central para resolver as dívidas dos produtores. Estivemos em Brasília no dia 13, e o ministro da Agricultura nos garantiu que sairia isso”, destacou Pires.

O segmento agro é o mais forte do cooperativismo gaúcho, com 95 cooperativas e 278,1 mil produtores associados, gerando mais de 41,5 mil empregos diretos. Em 2022, conforme dados divulgados pelo Sistema Ocergs, as cooperativas do agro faturaram R$ 52 bilhões, equivalente a 63,5% do apurado por sete ramos do cooperativismo no RS.

Desde março, a FecoAgro tem reivindicado ações de auxílio a produtores castigados pela estiagem. Além da repactuação de dívidas de custeio e investimento, a entidade solicita recursos emergenciais para negociações de compromissos com associados fora do sistema financeiro. Em nota pública, também clamou por recursos para irrigação e condições legais de reservação de água, “já que esta é uma saída estritamente efetiva para mitigar os efeitos da seca no Rio Grande do Sul”. 

Pires comentou ainda que o setor aguarda a resolução de pendências dentro do Plano Safra, anunciado esta semana para os segmentos empresarial e familiar. “Foi a contento, mas anúncio é uma coisa, já o recurso chegar até o produtor é outra”, falou. Um ponto de inquietação é a imposição de percentual de associados da agricultura familiar, o que pode dificultar o acesso a recursos.


Correio do Povo
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