33º Fórum da Soja celebra queda nos preços de insumos

33º Fórum da Soja celebra queda nos preços de insumos

Evento ocorreu durante a 23ª Expodireto Cotrijal

Correio do Povo

Chefe-geral da Embrapa Soja palestrou sobre sustentabilidade

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O sojicultor vai estar com um alto poder de troca na safra 2023/2024 visto que o preço dos insumos a serem comprados este ano deve cair entre 15% e 20%, como afirmou o sócio-diretor da Agrinvest Commodities, Marcos Araújo, no 33º Fórum Nacional da Soja. O evento ocorreu nesta terça-feira durante a 23ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. Segundo Araújo, essa queda nos preços dos insumos decorre do fim do embargo de exportações de cloreto de potássio da Rússia e Bielorrússia, fornecedoras de quase metade do insumo importado ao Brasil, e fim das restrições na exportação chinesa do período de pandemia. 

“Houve um recuo dos preços dos fertilizantes e  também dos próprios defensivos agrícolas, como o glifosato da China”, disse Araújo. “Por mais que o sojicultor esteja olhando os preços da soja para 2024 em torno de R$ 10,00 a R$ 15,00  inferiores ao patamar atual, ele tem que olhar com muito carinho, numa condição climática normal, que o retorno vai ser muito produtivo e dará condições para fazer uma lavoura com bom nível tecnológico”, acrescentou. 

Outro tema trazido no evento foi o potencial das práticas de plantio direto, evidenciado pelo programa Soja Baixo Carbono, desenvolvido pela Embrapa Soja. Essas práticas, aliadas à rotação de culturas, podem sequestrar entre três e sete toneladas de gás carbônico da atmosfera por ano, de acordo como o chefe-geral da entidade, Alexandre Lima Nepomuceno, também palestrante no fórum. “Se pegarmos os mais de 40 milhões de hectares (de soja) plantados (no Brasil) no ano passado, sem usar nitrogênio químico, fazendo a fixação biológica, já deixamos de colocar na atmosfera 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente”, disse Nepomuceno.  

Sobre a economia brasileira, o cenário é de juros elevados e necessidade ainda de discussão sobre metas de inflação. “O Brasil tem uma possibilidade interessante de melhorar as suas expectativas num prazo de dois a três anos”, disse o economista da BTG Pactual, Álvaro Frasson, em sua participação no evento. Segundo ele, para vencer esta situação, o país precisa de esforços em direção de um arcabouço fiscal positivo e de uma reforma tributária. “E, com o Banco Central fazendo seu trabalho, se consegue controlar a inflação em um prazo mais longo”, acrescentou. 

Sérgio Feltraco, diretor executivo da FecoAgro, uma das organizadoras do evento, considera o debate sobre a economia importante na situação atual. “Estamos diante de um cenário político que precisa ser compreendido e por isso é importante a análise econômica de impactos que tudo isso gera dentro do agronegócio”, destacou, além de enfatizar que o produtor deve estar com um olhar sempre atento para a tecnologia, principalmente em tempos de estiagem. “A estiagem sempre vai existir, não podemos irrigar toda nossa área de produção, então temos que adotar mecanismos que vêm da área de manejo, que vêm de soluções tecnológicas e também de genética de plantas”, complementou.

Já Paulo Pires, presidente da FecoAgro, considera as informações trazidas fundamentais para a contextualização dos produtores. “O nosso objetivo é exatamente inteirar os dirigentes das cooperativas, o pessoal que lida com o mercado, os produtores, sobre o que vai acontecer. Nós estamos num dinamismo hoje, num processo de mudanças muito grande, é guerra, é pós pandemia, uma escassez de renda em muitos países, então isso tudo vai contextualizar a produção”, disse. 


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