Agricultura familiar bate recorde de expositores

Agricultura familiar bate recorde de expositores

Feira de Agricultura Familiar da 23ª Expodireto ocupará a mesma área utilizada no ano passado, porém contará com 33 empreendimentos agrofamiliares a mais do que em 2022, quando o faturou R$ 1,7 milhão

Camila Pessôa

Marizete e o marido, Elmo Garbin, de Passo Fundo, vão expor 20 sabores de biscoito na Feira de Agricultura Familiar, entre eles a novidade preparada com gengibre

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A Feira da Agricultura Familiar da 23ª Expodireto Cotrijal vai contar com 230 expositores, 33 a mais que em 2022, quando participaram 197 agroindústrias. A quantidade de participantes é a maior da história da feira e reflete o número de inscrições, que, este ano, chegaram a 268, 80 a mais que no ano passado. Os cerca de 3 mil metros quadrados do Pavilhão da Agricultura Familiar abrigam 192 estandes. “O número de espaços no pavilhão é o mesmo, mas tivemos mais inscritos. Então se trabalhou com a expectativa de dois expositores em alguns espaços”, explica Vilmar Leitzke, extensionista rural da Emater/RS-Ascar, uma das organizadoras da feira, em parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Cotrijal e a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (SDR). 

No ano passado a feira faturou R$ 1,7 milhão. “Foi uma venda extraordinária. Atingir esse número, este ano, já é satisfatório, mas o objetivo é sempre aumentar”, diz Jocimar Rabaioli, assessor de Política Agrícola da Fetag-RS. Leitzke associa o aumento no número de inscritos à ampliação da área de atuação da Cotrijal. “Mas, talvez principalmente, ele esteja relacionado à consolidação do pavilhão como um importante espaço, os agricultores estão compreendendo a importância da feira”, destaca o extensionista. Dos 230 expositores, de 132 municípios, 146 são agroindústrias, 27 são de artesanato e 19 são de flores e plantas. Além disso, 45 empreendimentos estão indo à feira pela primeira vez. Entre os produtos oferecidos, Rabaioli cita mais de 40 variedades de embutidos, panificados e queijos tradicionais. “Apesar do cenário de seca, nossa expectativa é muito positiva, esta não é a primeira nem será a última dificuldade e é aí que a agricultura familiar busca se reinventar e encontrar alternativas”, comenta Rabaioli. Para Leitzke, a volta das chuvas mudou as expectativas para a feira. “Nós tínhamos até metade de janeiro uma percepção com a estiagem, mas com as chuvas isso muda e a perspectiva é que tenhamos uma feira melhor do que a do ano passado”, finaliza.

Vanderlei Bini, não-me-toquense proprietário da Embutidos Bini e da Lácteos Auler, comercializa embutidos e queijos temperado, parmesão e colonial. Este é o 12° ano de participação de Bini na feira e suas expectativas são positivas. “É uma época boa, de meia estação, próxima ao inverno, e aqui é uma região agrícola, com muito boa aceitação dos nossos produtos”, afirma ele, ao comentar que as vendas no ano passado foram excepcionais, por conta da retomada pós-pandemia. O produtor também participa de uma variedade de feiras durante o ano, dentre elas a Expointer, em Esteio, a Fenasoja, em Santa Rosa, a Fenadoce, em Pelotas, e outras menores. “E o que eu gosto na Expodireto? Ela é voltada totalmente para a tecnologia, o plantio, ela não traz pessoas que não têm a ver com a nossa atividade. São pessoas que conhecem o produto e vêm porque gostam”, enfatiza. 

Veteranos no evento, Marizete de Fátima Garbin e Elmo Luiz Garbin, proprietários da Biscoitos Garbin, agroindústria localizada na zona rural de Passo Fundo, vão levar ao pavilhão mais de 20 variedades de biscoitos. “Somos doidos, né? Mas acho que quanto maior a variedade melhor o público pode escolher”, diz Marizete. O empreendimento, que existe há 23 anos e está no 13º ano de Expodireto, tem como produtos mais vendidos o palito assado de queijo, o palito frito, o biscoito doce de manteiga e os biscoitos integrais de aveia e coco e frutas secas. Mas, mesmo com produtos já consolidados entre os clientes, o casal não deixa de trazer novidades, entre elas os biscoitos de gengibre, biscoito integral de amendoim com cacau e palito integral de queijo assado.

Neste ano, é a primeira vez que Felipe Lazzarotto de Costa expõe na Feira da Agricultura Familiar da Expodireto. Ele é proprietário da De Costa Cogumelos e Alimentos, agroindústria criada em novembro de 2022 em Monte Belo do Sul. O carro-chefe do empreendimento é o alho negro, produzido por meio da maturação do alho in natura, em uma sala aquecida a 60°C, em um pote de conserva com um pouco de água. “O alho vai perder o odor forte do alho normal, ficar preto e pastoso, o gosto fica parecendo bala de banana ou ameixa preta, é agridoce”, descreve Costa. 

Além do alho negro e geleia de alho negro, o produtor traz três tipos de caponatas: tradicional, de cogumelos shimeji, beringela e nozes; oriental, com sabor semelhante ao yakissoba; e, a mais popular, de cogumelo shimeji e alho negro. “A expectativa é boa, porque, falando com colegas que têm agroindústrias, consideramos que nosso produto é diferenciado”, comenta o produtor. 


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