Correio do Povo debate impacto da infraestrutura no agro

Correio do Povo debate impacto da infraestrutura no agro

Ciclo de debates Correio Rural da Expodireto 2023 começou na segunda-feira e reuniu um grupo de especialistas do setor

Correio do Povo

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A importância da infraestrutura para o agronegócio diante dos desafios do país de ser referência na produção de alimentos para o mundo foi o tema do primeiro encontro do ciclo de debates Correio Rural da Expodireto 2023. O encontro, que foi transmitido ontem pelas redes sociais do Correio do Povo, reuniu especialistas na Casa do CP na Expodireto, em Não-Me-Toque, no Noroeste do Estado. O ciclo de debates conta com o apoio da Cotrijal, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS), da Jacto, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RS) e da LS Tractor

Para o superintendente do Senar no RS, Eduardo Condorelli, discutir sobre infraestrutura no cenário da agropecuária é vital. “Enxergamos uma grande dificuldade nos números do Produto Interno Bruto (PIB) do nosso país em relação à nação como um todo, mas quando destacamos particularmente a questão do agro, enxergamos índices de crescimento que são considerados exponenciais e de países muitos admirados. Discutir infraestrutura num ambiente crescente é algo que não tem como se dissociar se realmente queremos ter futuro para a atividade econômica do nosso país, particularmente sabendo que essa atividade econômica vai se desdobrar em qualidade de vida, geração de emprego e renda em toda a sociedade”.

 

Foto: Alina Souza / CP.

Condorelli ressalta ainda que essa discussão interna do Brasil reflete em outros países. “O Brasil é o país do presente. Várias nações do mundo dependem do que fazemos nas nossas propriedades a partir do trabalho de cada um dos produtores”. Exatamente por ocupar esse espaço de destaque é que os investimentos são essenciais. “Por conta dessa geração gigantesca (produção), muitas vezes esbarra na dificuldade do investimento em infraestrutura. E não falo aqui somente de logística, mas de comunicação, do setor de energia e, cito ainda, a educação”, complementou. Alertou ainda que é preciso rever o pensamento de que o investimento deve ser do poder “público”, uma vez que há empresas com recursos e conhecimento dispostas a fazer tais projetos.

A inspetora-tesoureira do CREA-RS, engenheira agrônoma Larissa Barden Meira, destacou a importância de profissionais qualificados para o desenvolvimento de iniciativas em infraestrutura, projetando o desenvolvimento da atividade agropecuária no país. E para bons projetos, ela pontuou a necessidade de alinhamento dos recursos disponíveis e qualidade do que se está construindo. “Não adianta apenas ir lá e fazer a estrada se o primeiro caminhão que passar vai destruir ou a primeira chuva vai abrir um buraco que vai causar um prejuízo maior ainda”, explicou. Para ela, é fundamental que o planejamento leve em consideração toda a cadeia logística para que seja efetiva. “Por exemplo, adianta ter o transporte na balsa e quando chegar o momento de colocar o trator (para transporte) dentro o contêiner está faltando? São situações que enfrentamos nesse último ciclo produtivo e que influenciou e muito”, ponderou. Ela também defendeu a necessidade da diversificação da logística. “Temos que estar olhando para outras possibilidades e que isso (projetos) sejam construídos com uma qualidade que não precise de investimentos a cada ciclo, mas que seja feito para que possa durar mais tempo e que não exija tanta manutenção. E isso depende de ter bons profissionais no meio, ter feito bons estudos do solo, fazer um projeto adequado e que vai trazer uma construção adequada. E, neste sentido, o CREA sempre se preocupa em fazer esse alerta”, ressaltou.

Foto: Alina Souza / CP.

“A infraestrutura no nosso entender como indústria é uma das necessidades básicas de enfrentamento”, apontou o gerente de Marketing e Vendas da LS Tractor, Astor Kilpp. Ele lembrou inclusive que a decisão da empresa multinacional de se instalar no país, há dez anos, partiu exatamente por onde haveria as condições de infraestrutura de transporte, tanto de entrada de componentes como saída de máquina. “É fundamental não só para a exportação de grãos, com chegada de insumos, mas também para o mercado interno brasileiro. Somos um país continental. Para levar uma máquina para o norte do país, você precisa enfrentar cinco mil quilômetros de estradas e isso é inviável e inaceitável”, pontuou, destacando a importância de uma logística mais diversificada. Neste ponto, cita como exemplo o transporte de produtos, no caso de tratores, por contêiner, que é, na avaliação dele, uma forma muito mais viável, econômica e saudável. “E essa realidade não é apenas para máquina agrícola, mas para tudo”, ressaltou Astor Kilpp.

Foto: Alina Souza / CP.

Os três especialistas ressaltaram que, pela complexidade, esse tema só será enfrentado se houver interesse e entendimento da importância da infraestrutura para essa e para as próximas gerações, além de como o país pretende se portar no cenário internacional.

O ciclo de debates Correio do Povo Rural, que tem como tema ‘Brasil rumo ao protagonismo produtivo sustentável’, terá continuidade hoje, com a discussão sobre tecnologia, conexões e transformações do campo à mesa. Na quinta-feira, o tema será irrigação, as perspectivas de produção e oportunidades de mercado. 


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