Especialistas defendem manejo do solo para melhorar e garantir produção

Especialistas defendem manejo do solo para melhorar e garantir produção

Fórum na Expodireto Cotrijal teve painéis sobre dinâmica de fertilidade e cuidados para altas produtividades

Itamar Pelizzaro

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O 8º Fórum Estadual Conservação do Solo e da Água, realizado na tarde desta terça-feira na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, reuniu especialistas para dois painéis, abordando a dinâmica da fertilidade em solos profundos e resilientes e o manejo para altas produtividades. O engenheiro agrônomo Robinson Barboza, profissional da Cotrijal, destacou sua crença na necessidade de criar potencial produtivo para diferentes culturas pela estrutura do solo, onde o produtor tem seu bem mais valioso.

“Hoje, muitas vezes o produtor está procurando o melhor cultivar, os melhores tratores e plantadeiras, mas precisa de uma pequena mudança na forma de pensar no bem mais precioso dele, que é o solo”, diz Barboza, que atua na unidade de Não-Me-Toque da Cotrijal, prestando consultoria a grupo de produtores, com enfoque em planejamento, cronograma de culturas e busca de recursos.

Para Barboza, o melhor potencial produtivo das culturas é obtido com manejo diferenciado e específico para cada cultura, por meio do melhoramento dos cuidados de solo, na parte química e física. Conforme o agrônomo, o mercado oferece atualmente bons portfólios para manejo químico aéreo. “Bato bastante na parte de formação de solo e formação de perfil para montar um potencial produtivo a partir disso”, afirma.

Para o engenheiro, o cuidado com o solo é um fator para a resiliência das culturas em momentos de adversidade climática e garantir maior estabilidade à produção. “O produtor que tiver manejo mais intenso, principalmente com correção de solo, calagem, formação de palhada, montar planejamento de cultura de cobertura, utilizar corretivo de forma correta, adubação de forma correta, e não simplesmente trabalhar com doses homeopáticas, que muitas vezes observamos as pessoas fazendo. Todo esse conjunto, químico e biológico, consegue proteger com muito mais intensidade de adversidade por falta de umidade”, destaca.

O agrônomo diz que solos bem manejados por suportar até 30 dias da falta de umidade, amparado principalmente na formação de perfil. “No momento em que seguro a formação radicular, a boca da planta, numa profundidade mais superficial, significa que ela vai brigar, ter um ambiente de água muito menor do que quando boto este sistema radicular mais profundo”, salienta.

A recomendação é buscar orientação técnica. “O produtor tem que acreditar no profissional, e esse profissional tem que ser ético, precisa ter a confiança do produtor para poder montar o melhor planejamento para ele”, afirma Barboza. Para o agrônomo, o objetivo de todos deve ser montar o melhor planejamento, desde a correção do solo até a cultura de cobertura. “Hoje a maioria dos produtores pensa em cultura de cobertura como um custo, e na realidade é um investimento”, diz o agrônomo, ressaltando que muitas culturas têm a capacidade de reciclar nutrientes. “Dentro de todo o processo agrícola, muitas vezes o barato custa mais caro, porque tentar simplificar ou fazer o manejo de forma simplista, trabalhar com produtos que não foram produzidos para desempenhar o melhor potencial, vai ter custo mais elevado sempre”, reforça.

Para o agrônomo da Cotrijal, o produtor rural moderno deve pensar em cronograma de culturas, estando consciente do que fará daqui cinco anos, para saber se antecipar as condições não programadas e não contar com eficácia em soluções imediatistas. “Da mão para a boca, o produtor não consegue planejar. Ele muitas vezes vai pegar aquele insumo que custa mais caro e entrava na evolução do manejo”, analisa.

Em sua apresentação, Barboza utilizou dados de trabalho do agrônomo Jackson Fiorin, doutor em Ciências do Solo, pesquisador da cooperativa CCGL e Rede Técnica Cooperativa (RTC), para demonstrar informações sobre solos com acidez na região. Além de conhecimento e técnica, Barboza avalia que, assim como em qualquer ramo, o profissional de agronomia e o agricultor devem buscar constante atualização. “O que foi feito no último ano está ultrapassado para o próximo ano”, diz, fazendo analogia com um telefone celular, cujos modelos são atualizam a cada ano. “A agricultura está indo para esse ritmo. Quanto mais atenção o produtor prestar ao seu negócio, com certeza mais fácil terá retorno do investimento”, finaliza.


Correio do Povo
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