Expodireto Cotrijal começa com cobranças ao governo federal

Expodireto Cotrijal começa com cobranças ao governo federal

Sem a presença de autoridades federais, tradicional feira foi retomada após ser suspensa em 2021 por conta da pandemia

Nereida Vergara

Presidente da Cotrijal, Nei Manica, comemorou a retomada da Expodireto

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Sem a presença de autoridades federais, e, portanto, sem os anúncios de medidas de socorro que eram aguardadas pelas entidades representativas dos produtores rurais do Rio Grande de Sul em razão das perdas provocadas pela estiagem, foi aberta pela manhã desta segunda-feira a 22ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. Eram esperadas para a abertura a presença do presidente Jair Bolsonaro e da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, o que não ocorreu. Mesmo assim, o presidente da Cotrijal, Nei Manica, comemorou a retomada da exposição, que foi suspensa no ano passado em razão da pandemia.

Ressaltando as novas potencialidades da cooperativa, recentemente fundida com a Coagrisol, o que aumentou a abrangência para 51 municípios e mais de 18 mil associados, Manica fez um chamamento a representantes do Congresso que compareceram à cerimônia. Ele elogiou a atuação de deputados e senadores, mas reclamou da demora na tomada de decisões, principalmente no momento atual, em que muitos produtores perderam tudo com o revés climático. "Nós queremos que este ato repercuta em Brasília e que a ministra e o presidente venham na Expodireto", disse.

O presidente não fez estimativas de público e de faturamento, mas garantiu que esta edição deve ser a maior e melhor das feiras já feitas, com grandes evoluções tecnológicas. Um dos componentes da mesa do evento, o presidente da Assembleia Legislativa, Valdeci Oliveira, chamou a atenção para a necessidade de se estabelecer políticas públicas permanentes para a questão da seca, que tornou-se cíclica no Rio Grande do Sul. "Precisamos adotar planos de governo que assegurem medidas preventivas de combate à estiagem, e precisamos fazer com que Brasília entenda que há seca aqui, não apenas no Nordeste", acrescentou.

O governador em exercício Ranolfo Vieira Júnior admitiu que o momento é de dificuldades, mas lembrou o empenho do Estado em auxiliar o produtor por meio do Programa Avançar Agropecuária, que destina R$ 275,9 milhões ao setor, sendo 73% destes recursos voltados às ações de irrigação. Vieira Júnior defendeu a adoção de soluções estruturantes para combater a estiagem.

Para o deputado federal Heitor Schuch, presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar no Congresso, a ausência de Bolsonaro e Tereza Cristina (que ainda poderá confirmar a visita até o final da semana) demonstra que o governo federal não tem o que dizer para o agricultor. "Nós viemos esperando um grande anúncio, mas ao que parece não vai acontecer", comentou, salientando a frustração em especial quanto a possibilidade de rebate nas dívidas dos agricultores.

Elton Weber, deputado estadual, lembrou que a pauta de reivindicações da agropecuária gaúcha foi levada a Brasília em 10 de janeiro e que até o momento muito pouco aconteceu. "Ainda acreditamos que a ministra possa vir, trazer algum alento, como um crédito suplementar ou um auxílio emergencial para aqueles que sofreram grande prejuízo", pontuou.

Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), disse que a própria ministra admite a dificuldade de recursos para atender as demandas do Estado em razão da estiagem, mas que o esforço do governo está em andamento. "Para vir aqui, no entanto, o governo precisa ter algo a dizer", completou.A 22ª Expodireto deve ter ao longo da semana cerca de 200 mil visitantes para conhecer soluções de tecnologias trazidas por 550 expositores.


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