Expodireto Cotrijal evidencia perdas com a seca e abre diálogo com o governo

Expodireto Cotrijal evidencia perdas com a seca e abre diálogo com o governo

Mostra começa hoje, em Não-Me-Toque, e será palco para a busca de soluções conjuntas ao enfrentamento da estiagem no RS

Thaise Teixeira

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A 23ª edição da Expodireto Cotrijal começou hoje, em Não-Me-Toque. Oficialmente, o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, dará o pontapé inicial à programação do setor produtivo no evento. Em um café da manhã na Casa da Família Cotrijal, o dirigente receberá o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, juntamente com lideranças do agronegócio gaúcho. O encontro antecede a abertura oficial da exposição, que se estende até sexta-feira, dia 10, em Não-Me-Toque.

A expectativa é que o chefe do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) seja atualizado sobre a atual situação da produção agrícola gaúcha e receba demandas dos agricultores. Um dos documentos a ser entregue é o último levantamento da Rede Técnica Cooperativa (RTC/CCGL), que consolidou, até 15 de fevereiro, perdas de 43% na safra de soja e de 56% na de milho no ciclo 2022/2023, o terceiro realizado sob estiagem no Estado. Com o resultado, apurado em 21 cooperativas do Rio Grande do Sul, a estimativa é que R$ 28,38 bilhões deixem de circular na economia gaúcha este ano, somente em razão do prejuízo com a oleaginosa. 

O setor produtivo aproveitará o encontro para tratar de temas preparatórios à safra de inverno. Um deles é a escassez de recursos para financiamento oficial às lavouras, cujo plantio se inicia entre maio e junho. “Tivemos anúncios tímidos em Bagé (em 23 de fevereiro, quando a comitiva interministerial oficializou ajuda financeira ao setor). Precisamos olhar para a questão do crédito, do custo do dinheiro”, argumenta o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Sistema Ocergs/Seescop), Darci Hartmann. A pauta será ampliada para o aumento do valor das subvenções pagas às seguradoras, já que, segundo Hartmann, “muitas estão saindo do ramo após os últimos anos de seca no Estado”.

A questão do custeio também será prioridade da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro). De acordo com o presidente da entidade, Paulo Pires, a preocupação concentra-se no necessário incremento de verba federal para a implantação das novas lavouras. “Precisamos disso para que consigamos buscar uma certa normalidade, que não vemos há duas safras de verão”, pontua. Na carona, está o pedido para renegociação das parcelas do crédito tomado via Plano Safra, cujas parcelas vencem este ano. Como também presidente da Cooperativa Tritícola Regional São-Luizense (Coopatrigo), Pires levará à reunião a temática da irrigação, essencial para regiões como a das Missões, a mais afetada pela escassez hídrica no RS. “Não temos mais como produzir sem irrigação. Somente com a soja, a RTC aponta perdas de quase R$ 30 bilhões”, ressalta.

Após o encontro, o grupo segue para o Auditório Central do Parque da Expodireto, onde, às 9h, acontece a cerimônia oficial de abertura da mostra. A solenidade terá a presença do governador do Estado, Eduardo Leite, e dos secretários da Agricultura, Giovani Feltes, e do Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, além de autoridades federais, estaduais e lideranças setoriais. Na sequência da programação, está a homenagem à ex-ministra da Agricultura e senadora Tereza Cristina, na Calçada da Fama do Agro. A comitiva ainda visitará a Arena Agrodigital, a área da agricultura familiar e a de máquinas e implementos agrícolas.


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