Incorporação da Coagrisol amplia a Cotrijal

Incorporação da Coagrisol amplia a Cotrijal

Com acréscimo, cooperativa de Não-Me-Toque passa a contar com 20 mil associados e a estar presente em 50 municípios do Estado, com 83 unidades e área cultivada de 1,2 milhão de hectares. O faturamento anual chega a quase R$ 6 bilhões

Danton Júnior

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Uma nova Cotrijal surgiu após a assembleia geral ordinária realizada no último dia 28 de fevereiro. Já reconhecida como a principal cooperativa agropecuária do Rio Grande do Sul na atualidade, a organização sediada em Não-Me-Toque avança para se estabelecer como uma das maiores do país. O motivo é a incorporação da Coagrisol Cooperativa Agroindustrial, de Soledade, aprovada por associados das duas instituições, e que irá elevar o número de cooperativados, o faturamento e a área de atuação da organização, que tem foco na região Planalto e se expande também para outras áreas, como as de Vacaria a Cachoeira do Sul.

A negociação começou com o anúncio de uma aliança estratégica de intercooperação entre as duas cooperativas, consolidada no dia 25 de agosto de 2021. A parceria visava a atuação conjunta nas áreas de negócios e tecnologias, a sinergia na aquisição de insumos agrícolas, a otimização logística e o compartilhamento de informações e estudos. No final de novembro veio o anúncio da incorporação, que seria sacramentada após assembleias ordinárias das duas cooperativas – até culminar com a assembleia conjunta.

Os associados e o quadro de colaboradores da Coagrisol migraram para a Cotrijal, que assume também o ativo e o passivo da cooperativa de Soledade. A cooperativa de Não-Me-Toque passa a estar presente em 50 municípios (até então eram 32). O número de unidades passa de 58 para 83 e o número de associados, de 8 mil para 20 mil. Já o faturamento, somando os R$ 4,3 bilhões da Cotrijal e os R$ 1,5 bilhão da Coagrisol, aproxima-se dos R$ 6 bilhões ao ano. A área plantada salta de 800 mil hectares para 1,2 milhão de hectares.

“A Coagrisol fica na história como uma grande cooperativa”, afirma o presidente da Cotrijal, Nei César Manica. De acordo com ele, a Cotrijal poderá levar aos produtores muitos serviços que a Coagrisol não estava conseguindo executar. Na avaliação de Manica, mais do que uma tendência, a incorporação é uma necessidade no sistema cooperativista. “Ao longo dos anos, ficaram muitas cooperativas pelo caminho. Precisamos fortalecer olhando sempre para o produtor”, resume. Apesar disso, o dirigente afirma que a Cotrijal não pensa, neste momento, em uma expansão maior.

Oportunidades

Até então presidente da Coagrisol, José Luiz Leite dos Santos afirma que a incorporação ocorreu de um olhar para as oportunidades. “Vislumbramos esse processo como uma oportunidade de crescimento, de manter força no mercado e principalmente de levar para o dono da cooperativa, que é o cooperado, melhores condições de comercialização, de venda e as melhores oportunidades que com as duas cooperativas unidas nós teremos”, afirma. De acordo com ele, a incorporação tem sido um movimento frequente no sistema cooperativista de estados como Paraná e Santa Catarina.

O carro-chefe da Coagrisol vinha sendo o recebimento de grãos (soja, milho e trigo). Foram 5,8 milhões de sacas de soja, 750 mil sacas de trigo e 450 mil sacas de milho no último ano. Porém a organização também atuava na comercialização de insumos e no varejo. São seis supermercados, dez lojas agropecuárias e dez lojas de eletrodomésticos, que agora passam a levar a marca Cotrijal. “O único ponto negativo de tudo isso é o desaparecimento da marca Coagrisol, há 52 anos no mercado”, admite Santos. Impulsionada pelo desempenho da safra 2020/2021, e pelos preços das commodities, a cooperativa de Soledade havia alcançado no ano passado o maior faturamento da sua história, de R$ 1,5 bilhão.

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895