Inteligência artificial fará análise precisa da lavoura

Inteligência artificial fará análise precisa da lavoura

Cientista brasileiro que mora nos EUA demonstra os benefícios do nanossatélite que ajudará a suprir a demanda mundial de alimentos

Correio do Povo

Fábio Teixeira fala sobre nanosatélite durante o fórum nacional da soja

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Os rumos da soja, o principal grão produzido no Brasil, estiveram no palco do 31º Fórum Nacional da Soja, que ocorreu na Expodireto Cotrijal ontem. Inteligência artificial e cenários agrícolas no mundo foram os assuntos apresentados no auditório central, lotado de produtores e representantes de entidades. 

Na primeira palestra, “Construindo uma Equipe Homem-Máquina para Alimentar o Mundo”, o fundador e CEO da empresa norte -americana Hypercubes, Fábio Teixeira, apresentou o nanossatélite que, do espaço, permite fazer uma análise precisa de lavouras a partir das cores que formam a luz solar. “Estamos falando de uma constelação de 100 nanossatélites que decompõem essas cores e analisam como cada cor reflete de volta o alvo, no caso uma lavoura, pois a luz interage a nível quântico. 

Com a criação de uma biblioteca composta por assinaturas espectrais, que são categorias de doenças, anomalias, deficiências, entre outras, representadas por cores, é possível ter um diagnóstico”, explica. “O nanossatélite, muito menor e com implementação muito mais rápida do que o satélite padrão, vai orbitar a Terra e fazer essa leitura. Como se fosse um hemograma da planta”, salienta. O primeiro nanossatélite vai para o espaço em julho para testes.

O cientista está na Expodireto a convite da organização da Expodireto Cotrijal, Fecoagro e CCGL, que, numa visita ao Vale do Silício conheceram o projeto do pesquisador brasileiro, que mora há dez anos nos Estados Unidos. “Temos o objetivo de redesenhar toda a cadeia de valor do agronegócio. O nanossatélite foi desenvolvido especialmente para suprir a demanda por alimentos no mundo. Por volta de 2050, a população global deverá chegar a 10 bilhões de pessoas e precisamos aumentar em muitos níveis a quantidade de alimentos para atender a população mundial”, finalizou.

Mudança profunda na China 

A segunda palestra do Fórum Nacional da Soja, denominada “Perspectivas da Economia Agrícola no Brasil e no Mundo” foi conduzida pelo sócio consultor da MB Agro Consultoria, Alexandre Mendonça de Barros. Ele mostrou como o mercado agrícola afeta o comércio de soja. “A China passou por uma crise sanitária grave com a peste suína africana (PSA), que dizimou metade do seu rebanho de suínos, que é mais da metade do rebanho mundial. Também vive uma crise sanitária muito séria em aves, com influenza aviária, H1N1. Com essa escassez de carne, o valor aumentou muito e fez com que se aumentasse o consumo de animais silvestres. Por sua vez, apareceu uma mutação de Coronavírus, hoje batizado de Covid-19, que afetou o ser humano de maneira significativa. Com a disseminação dessa doença, o PIB mundial sentiu e o mercado sofreu uma desaceleração muito forte”.

O palestrante chamou a atenção para um aspecto. “É importante ter a percepção de que tudo decorreu de um problema sanitário na produção de alimentos. Com esse acontecimento, acredito que a China vai passar por uma mudança profunda. Não dá mais para a China moderna conviver com hábitos do Século 19, não dá para juntar milhões de pessoas na cidade, milhões de animais num sistema de produção e imaginar que não vai ter impactos no mundo”, analisa.

Barros disse que houve uma queda muito forte dos preços das commodities em dólar no mundo, mas ao mesmo tempo, por conta da crise, o real perdeu força diante do dólar. “Chegamos a bater em R$ 4,50 por dólar, o que segurou o preço em reais, para a nossa sorte, ou seja, o mundo inteiro sente os efeitos do preço em dólar, mas nós brasileiros, felizmente, pelo menos do ponto de vista de preços, conseguimos defender nossos preços diante desse cenário complexo que apareceu no mundo”. Para Barros, o mercado de soja segue firme e o preço do dólar não deve ficar sempre a R$ 4,5. “Se passar a crise do Coronavírus voltaremos a ver o real a R$ 4,20, o que significa uma acomodação no preço da soja”, afirma.

 

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