Jovens assumem protagonismo para futuro tecnológico no setor leiteiro

Jovens assumem protagonismo para futuro tecnológico no setor leiteiro

Fórum reuniu produtores e técnicos na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque

Itamar Pelizzaro

Breno Cecconello falou sobre experiência da família, que vive no município de Sertão

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Apesar da crise que esmaga o setor leiteiro gaúcho, bons exemplos mostram que o futuro da atividade pode e está nas mãos de jovens, que se amparam em possibilidade de gestão com ferramentas tecnológicas. Durante o 19° Fórum Estadual do Leite da Expodireto Cotrijal, nesta quarta-feira, em Não-Me-Toque, o jovem Breno Cecconello, 20 anos, assumiu o protagonismo frente a um auditório de 330 pessoas para contar sua experiência como sucessor do pai na administração da pecuária leiteira da propriedade familiar. Breno narrou sua experiência com o uso do SmartCoop, um aplicativo criado pela intercooperação de 30 cooperativas gaúchas, sob a liderança da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro/RS), com funcionalidades que ajudam a impulsionar a eficiência nas operações na propriedade e no tambo.

A palestra que abordaria a gestão na pecuária de leite com o SmartCoop seria feita pelo pai de Breno, Clairton, 54 anos. Como o pai não pode comparecer, coube a Breno contar a história da família que vive no município de Sertão e iniciou as atividades em 1994, com uma estrebaria onde cabia uma vaca e uma porca. Atualmente, a propriedade tocada por Breno, Clairton e a esposa, Jaqueline, tem 50 vacas em ordenha e tem obras de ampliação do galpão para abrigar 100 animais. Para a empreitada, a família colocou recursos próprios e financiou cerca de R$ 2 milhões. Os investimentos ocorrem em um momento crítico do segmento, esmagado por importações massivas de lácteos do Mercosul, situação que tem mobilizado entidades representativas para buscar de medidas governamentais de apoio.

Encontro reuniu líderes do cooperativismo agropecuário gaúcho | Foto: Maria Eduarda Fortes / CP

A crise desencadeada pela importação abalou o setor, que tinha 84 mil produtores em 2015 e murchou para 33 mil no ano passado, conforme estudo da Emater-RS-Ascar, impondo a produtividade como condição de sobrevivência. Breno esteve na Expodireto para mostrar que bons resultados são possíveis, mesmo neste cenário de adversidades. Os Cecconello se associaram à cooperativa CCGL em outubro de 2022 e logo adotaram o SmartCoop, começando a analisar dados e implementar melhorias na propriedade de 65 hectares, onde também cultivam soja e milho. “Isso propiciou manejo mais rápido e organização da propriedade, dando resultados excelentes”, disse. Antes disso, a gestão era feita em cadernos e planilhas. Agora, o rebanho está digitalizado no software. “Não tínhamos muito controle de qualidade, e o SmartCoop nos permitiu fazer análises”, resume. A partir da parceria com a CCGL, são feitas três coletas mensais de leite, para um diagnóstico apurado. “A gente conseguiu alterar a dieta dos animais e melhorou os processos”, disse.

Antes da apresentação de Breno, o presidente da CCGL, Caio Vianna, falou sobre os desafios e um cenário agrícola futuro em que não se vislumbram preços altos para commodities como a soja. Disse que enxerga probabilidade de avanços para os setores do arroz e do leite, considerados por anos os primos pobres do agronegócio - a cadeia arrozeira conseguiu valorização da produção dimensionando a área plantada e a oferta, garantindo preços que remuneram os produtores. Vianna reafirmou o compromisso das cooperativas com os produtores de leite, disse que a sugestão de retirar incentivos fiscais de empresas importadoras de lácteos partiu das cooperativas gaúchas e que a importação deve ser freada a partir deste mês, com a entrada em vigor de decreto federal neste sentido. “Enquanto alguns importam, as cooperativas exportam, conseguem nichos de mercado e ajudam a enxugar o mercado interno. Preferimos perder dinheiro a entrar nessa fila de importadores”, destacou.

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