Obstáculos à tecnologia no campo pautam debate na casa do Correio do Povo

Obstáculos à tecnologia no campo pautam debate na casa do Correio do Povo

Agricultura de precisão é aplicada em 20% da área plantada no Brasil

Danton Júnior

Obstáculos à tecnologia no campo pautam debate na casa do Correio do Povo

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Palco de grandes lançamentos em termos de tecnologias voltadas ao campo, a Expodireto Cotrijal é visitada todos os anos por agricultores em busca de soluções que possam aumentar a eficiência da lavoura. Empresas gaúchas e de fora do Estado exibem na feira o que há de mais recente em termos de agricultura digital, com ferramentas que auxiliam desde a semeadura até a colheita. Porém a adoção destas tecnologias nem sempre é fácil. Os obstáculos ao aumento da inovação no campo foram o tema do primeiro dia do ciclo de debates Correio Rural, que ocorreu nesta terça-feira, na Casa do Correio do Povo/Grupo Record, no Parque da Cotrijal.

Big data e TI são palavras cada vez mais comuns nas exposições agropecuárias, mas a sua aplicação na lavoura se dá de maneira lenta. Segundo o presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, Márcio Albuquerque, a tecnologia de precisão é adotada por apenas 20% da área plantada no Brasil. Os motivos são diversos, incluindo o choque de gerações e o acesso a financiamento. Conforme o especialista, a grande vantagem das novas tecnologias é a sua contribuição para o aumento da produção. Albuquerque citou que a cada safra o produtor tem de tomar sozinho mais de 100 decisões, que incluem as culturas que serão implementadas, o período de plantio, defensivos, etc. "O papel da TI é ajudar na tomada de decisões mais acertadas", explicou.

Tendo em vista a habilidade dos jovens com as novas tecnologias, a inovação no campo tem papel fundamental na sucessão familiar. O vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, destacou a necessidade de que os jovens permaneçam no campo, uma vez que é ele, e não o pai ou o avô, que irão implementar tecnologias de ponta como as que estão em exposição na Expodireto. 



"Todos somos digitais hoje em dia. Não tem como querer que um jovem que mora no campo esteja alienado à tecnologia, então temos que garantir que na propriedade rural também tenha todas as tecnologias disponíveis", observou. Port destacou, ainda, que o Sicredi tem realizado ações voltadas à permanência dos jovens na zona rural.

O diretor da divisão técnica do Senar/RS, João Augusto Telles, destacou que a adoção de tecnologias embarcadas esbarra muitas vezes em deficiências na infraestrutura do campo, como a ausência do sinal de internet. "A tecnologia está preparada paera o campo, não sei se o campo está preparado para as tecnologias. Esse é um desafio muito grande", disse. Por outro lado, ressaltou que o benefício das novas tecnologias no aumento de produtividade é visível no campo.

"No ano que chove bem, se colhe muito bem. Mas não é só a chuva que está fazendo a diferença, é o uso de todo esse pacote tecnológico a disposição do produtor", acrescentou. Telles também ressaltou o papel do Senar na capacitação do produtor para a utilização destas ferramentas. "Não adianta ele vir aqui, comprar uma máquina de ponta, a um custo muito elevado, e não usar", salientou.

No caso da Emater, a tecnologia vai servir como aliada para aprimorar a comunicação entre o órgão e o seu público-alvo. A meta, segundo o presidente Clair Kuhn, é destinar tablets aos extesionistas, que hoje precisam anotar as informações coletadas nas propriedades rurais a mão, em uma planilha. Para o produtor, a importância das tecnologias é o seu uso na gestão da propriedade.

"Se eu não souber calcular quanto custa o litro de leite para ser produzido, eu não vou saber quanto tenho de rentabilidade", exemplificou. Além disso, conforme o dirigente, as novas tecnologias servem como aliadas para reduzir a penosidade do trabalho no campo, o que serve de incentivo para que os jovens permaneçam na atividade.

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