Pesquisa evidencia que as mulheres trabalham mais do que os homens
Emater divulgou resultados do relatório técnico "Perfil das Mulheres Rurais do RS"
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A Emater divulgou nesta terça-feira na Expodireto Cotrijal 2022 os resultados do relatório técnico "Perfil das Mulheres Rurais do RS", produzido pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), em parceria com a Emater/Ascar e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). Os resultados indicam que as mulheres acumulam muitas atividades conciliando os afazeres domésticos, cuidados com os filhos e idosos, execução de atividades externas à casa e participação em tomadas de decisões em proporções muito superiores às dos homens no mesmo ambiente. O estudo também abordou aspectos relacionados à violência, participação em espaços sociais e dificuldades enfrentadas com a Covid-19 e representação política.
A amostra selecionada na Pesquisa de Campo da Emater buscou seguir as indicações dos dados oficiais divulgados em relatório técnico do DEE/SPGG de novembro de 2021 e apontou mulheres moradoras de propriedades da agricultura familiar (86% do total), com um perfil etário de 50 anos ou mais (53%), com Ensino Fundamental incompleto como escolaridade predominante (45%), majoritariamente brancas (88%) e casadas (73%). Em relação a trabalho e aposentadoria, 37% já está aposentada, 36% possui carteira de habilitação e 43% conta com renda familiar que varia entre dois e cinco salários mínimos.
Entre os dados coletados, uma das responsáveis pela pesquisa, a analista de pesquisa em sociologia do DEE, Daiane Menezes destacou que, no campo, a mulher trabalha o dobro do que o homem, condição que ficou expressa na pesquisa. “É ainda mais desigual do que se pensava”. Ela enfatizou que 88% contribuem com mais da metade da renda da família. “Elas têm consciência disso e, mesmo assim, muitas não têm autonomia financeira”,comentou. Sobre a violência, a pesquisadora afirma que as produtoras estão atentas ao que acontece e ressaltou que o problema maior é não ter um local para conversar e um desconhecimento de como encaminhar essa situação. “Temos dois aspectos para trabalhar, que é a ampliação dos locais de amparo e ter campanhas de esclarecimento sobre como tratar o tema”, relatou.
A coordenadora das atividades de juventude e mulheres rurais, Clarice Vaz Emmel Bock, disse que a pesquisa contemplou indígenas, quilombolas, pesquisadoras, agricultoras de 464 municípios. Ela destacou que as mulheres não têm noção da carga de trabalho que executam. “Esperamos que a partir dessa pesquisa, se tenha uma nova divisão de trabalho”, disse. O questionário contava com cerca de 250 questões sobre a vida da mulher e da pessoa com quem divide as atividades do cotidiano. Os dados continuarão sendo analisados e entregues para cada municípios conhecer a suas realidades locais.