Exportações do agro gaúcha tiveram queda de 26% em faturamento no segundo trimestre de 2022

Exportações do agro gaúcha tiveram queda de 26% em faturamento no segundo trimestre de 2022

Dados de boletim divulgado pelo Departamento de Economia e Estatística do Rio Grande Sul demonstram que recuo ocorreu em razão das vendas da soja, com volume 72,8% menor que em igual período do ano passado

Patrícia Feiten

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As exportações do agronegócio gaúcho totalizaram 3,5 bilhões de dólares no segundo trimestre deste ano, o que representa uma queda de 26% na comparação com a receita do mesmo período de 2021. O desempenho negativo foi puxado pelas vendas do complexo soja, que despencaram 72,8% em volume embarcado e 1,8 bilhão de dólares em termos financeiros, refletindo a quebra da safra da oleaginosa causada pela estiagem no último verão. Os dados são do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado na quinta-feira (11) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). 

Dos três itens do complexo soja, o maior tombo foi verificado nas exportações do produto em grão, que somaram 364,94 milhões de dólares de abril a junho deste ano, valor 84,8% inferior ao do segundo trimestre 2021. Em contrapartida, os embarques de farelo de soja aumentaram 25,8%, para 462,08 milhões de dólares, e as vendas de óleo de soja atingiram 269,86 milhões de dólares, um crescimento de 118,4% na mesma base de comparação. O analista Sérgio Leusin Júnior, um dos responsáveis pelo levantamento, explica que o salto em receita se deve à alta demanda internacional. No final de abril, a Indonésia determinou a suspensão temporária de suas exportações de óleo de palma, desestabilizando o mercado global. “Foi um movimento bastante atípico. O mundo inteiro está com falta de óleo vegetal, isso pressionou os preços (para cima)”, diz Leusin. 

Segundo o analista, um amplo conjunto de setores ajudou a atenuar o desempenho fraco da soja no segundo trimestre deste ano. O destaque foi a exportação de cereais, farinhas e preparações, que avançou 192,1%, para 298,7 milhões de dólares. Apenas os embarques de milho, no valor de 113,90 milhões de dólares, representaram um salto de 1.793,7%. No caso do trigo, que não teve embarques no segundo trimestre de 2021, o Rio Grande do Sul exportou 98,63 milhões de dólares no mesmo período de 2022. 
No segundo trimestre de 2022, também houve avanço nas exportações de fumo e seus produtos, no total de 388,3 milhões de dólares (+60,9%), produtos florestais, com 386,8 milhões de dólares (+5,6%) e carnes, com 725,8 milhões de dólares (+18,3%). Nesse último segmento, o aumento de 39,7% nas vendas de carne de frango (427,15 milhões de dólares) e de 69,6% nas de carne bovina (111,65 milhões de dólares) compensou a queda de 33,1% nas exportações da proteína suína (142,91 milhões de dólares) resultante da diminuição dos embarques para a China.

Nos seis primeiros meses de 2022, o Rio Grande do Sul exportou o equivalente a US$ 7 bilhões, um avanço de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Sem considerar a inflação do período, esse é o maior valor para um primeiro semestre de toda a série histórica do levantamento, iniciado em 1997. “A explicação para esse resultado é o movimento dos preços, em elevação em quase todos os setores. No semestre, os preços médios (de grãos) cresceram 19%”, afirma Leusin. Esse cenário, avalia o analista, é influenciado pelas incertezas quanto ao fluxo de comércio no Mar Negro em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia e pelo temor de redução da demanda da China.


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