Exportações do agro gaúcho batem recorde em 2022
Apesar da estiagem, embarques somaram 16 bilhões, favorecidos pela valorização de commodities agrícolas
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O agronegócio gaúcho exportou o equivalente a 16 bilhões de dólares em produtos em 2022, o que indica um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior e o maior valor nominal (sem considerar a inflação) da série histórica do levantamento, iniciado em 1997. Com isso, o setor representou 71,5% do volume total exportado pelo Rio Grande do Sul. Apenas no último trimestre do ano passado, a receita dos embarques do agro somou 4,4 bilhões de dólares, um recorde para o período de outubro a dezembro. Os dados são do boletim Indicadores do Agronegócio do Rio Grande do Sul, divulgado nesta quinta-feira (9) pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
Para o pesquisador Sérgio Leusin Júnior, um dos responsáveis pelo levantamento, o resultado de 2022 é “surpreendente”, uma vez que a estiagem impactou fortemente a produção de soja, carro-chefe das exportações do Estado. No período, a queda de 15,5% nos volumes exportados foi compensada pelo aumento de 23,5% nos preços médios dos itens enviados ao exterior. O desempenho recorde no ano, segundo o pesquisador, foi determinado pelas exportações do primeiro e do último trimestres.
De janeiro a março, as vendas totais do agro tiveram um salto de 72,1%, impulsionadas pelos embarques de trigo. “Assim que ocorreram os primeiros exercícios militares da Rússia na fronteira com a Ucrânia, o mercado já se antecipou. O preço do trigo disparou, aumentou a demanda internacional, e o Rio Grande do Sul exportou uma quantidade recorde (para um ano)”, explica o pesquisador. Também pesou no bom resultado a exportação dos estoques de passagem da soja colhida em 2021 e, portanto, não afetada pela estiagem. Já no quarto trimestre, o crescimento de 14,% frente ao mesmo período de 2021 foi sustentado principalmente pelos embarques de fumo, com receita de 760,2 milhões de dólares, 107,4% acima do resultado do mesmo período de 2021, e de cereais (444,5 milhões de dólares, um crescimento de 86,5% na mesma base de comparação).
Para este primeiro trimestre de 2023, Leusin Júnior acredita que a perspectiva é de um menor estoque de soja para a exportação na comparação com o período de janeiro a março de 2022, o que deverá se refletir no desempenho das vendas totais do agronegócio. No caso do trigo, embora as cotações ainda estejam elevadas, a demanda internacional pelo cereal já mostra desaceleração, observa o pesquisador. “Nos preços (das commodities agrícolas), aparentemente já se chegou ao teto, então o cenário é de queda para o primeiro trimestre e para 2023 “, avalia.