Exportações do agronegócio têm queda em junho

Exportações do agronegócio têm queda em junho

Causada pela estiagem, quebra da safra de soja no Rio Grande do Sul pesou no desempenho negativo, avalia Farsul

Patrícia Feiten

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As exportações do agronegócio gaúcho perderam fôlego em junho, tanto em volumes embarcados quanto em receita, de acordo com relatório divulgado na quarta-feira (13) pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul). No mês passado, o Rio Grande do Sul enviou para o mercado externo 1,3 milhão de toneladas, 14,3% a menos que em junho de 2021. Os embarques no período geraram 1,2 bilhão de dólares, o que indica um recuo de 16% na mesma base de comparação.

Segundo o analista de relações internacionais da Farsul, Renan Hein dos Santos, o resultado negativo era esperado e se deve ao impacto da estiagem que assolou a última safra da soja, carro-chefe das exportações do Estado. “Sabíamos que este ano teríamos disponibilidade menor de soja para exportar”, diz o analista. O desempenho de junho deste ano também reflete os lockdowns adotados pela China para conter a Covid-19. Principal destino da soja gaúcha, o país asiático importou no mês passado o equivalente a 322 milhões de dólares, frente a 842 milhões de dólares de junho de 2021. “A China não tem mais os 40% de participação que tinha num ano normal de exportação de soja”, destaca Santos.

Quanto aos principais destinos de produtos do agronegócio gaúcho, as exportações para a Ásia (sem o Oriente Médio) totalizaram 597 milhões de dólares, e os embarques para a Europa somaram 201 milhões de dólares. Em seguida, aparecem Oriente Médio, com 161 milhões de dólares; América do Norte, com 114 milhões de dólares; América do Sul, com 64 milhões de dólares; África, com 65 milhões de dólares; Oceania, com 2 milhões de dólares; e América Central e Caribe, com 13 milhões de dólares.

No caso das importações, o relatório da Farsul mostra que as compras de fertilizantes pelo Rio Grande do Sul caíram de 764 mil toneladas em junho de 2021 para 395 mil toneladas no mês passado, uma redução de 48%. O valor total pago na aquisição desses insumos, porém, aumentou 43% na mesma base de comparação, passando de 264 milhões de dólares para 378 milhões de dólares. Segundo Santos, o preço médio da tonelada de fertilizante, que em maio deste ano estava em 810 dólares, chegou a 956 dólares no mês passado. A disparada é atribuída às incertezas geradas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o maior fornecedor dos adubos usados no Brasil. “Isso será um complicador para as próximas lavouras, o produtor vai ter uma safra mais cara para produzir. Mas temíamos que pudesse haver escassez (de produto), isso não se realizou”, observa Santos.


 


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