Exportações gaúchas de carne suína têm queda de 27,8% em março

Exportações gaúchas de carne suína têm queda de 27,8% em março

Reconhecimento internacional do Estado como zona livre de aftosa sem vacinação dificulta negócios com outros países

Poti Silveira Campos

Condição sanitária tem beneficiado exportações de carne suína em Santa Catarina

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Exportadores de carne suína in natura e processada do Rio Grande do Sul encerraram o mês de março com uma queda de 27,8% no volume embarcado, na comparação com o mesmo período do ano passado. O dado foi divulgado nesta segunda-feira, 8, pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

De acordo com o diretor de mercados da instituição, Luis Rua, as exportações gaúchas ainda sofrem a retração da demanda de carne suína pela China, que vem reduzindo importações desde 2021. Além disso, segundo Rua, embora o Estado tenha sido reconhecido desde 2021, pela Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa), como zona livre de aftosa sem vacinação, esta condição ainda não foi assimilada pelos países importadores.

“Agora que os países começam a reconhecer. Não é automático. É processo que demanda visitas, por exemplo”, explica Luis Rua.

Rio Grande do Sul é o segundo maior exportador nacional de carne suína, num ranking liderado por Santa Catarina, com Paraná em terceiro lugar. A redução em Santa Catarina foi de 6,2%, enquanto que o Paraná baixou 31,6%. As diferenças entre os percentuais têm origem, principalmente, na condição sanitária. “Santa Catarina é o único Estado do Brasil reconhecido internacionalmente como livre da aftosa sem vacinação”, salienta Rua.

Os resultados nacionais da atividade somaram 91,9 mil toneladas, 14% abaixo do mês de março de 2023, quando 106,9 mil toneladas foram despachadas. No mesmo período, a receita gerada pelos embarques totalizou US$ 192,8 milhões, saldo 22,5% menor do que o faturamento de março de 2023, com US$ 248,9 milhões. No trimestre, com 289,4 mil toneladas as exportações do setor no país cresceram 5,3%, em relação ao mesmo intervalo de 2023 (274,8 mil toneladas). No mesmo período comparativo, o saldo das exportações chega a US$ 597,7 milhões, número 7,5% menor em relação ao registrado nos três primeiros meses do ano passado, com US$ 646,3 milhões.

Operação padrão

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, destaca que março de 2023 foi um mês “fora da curva” para as exportações. “Então, o volume é menor [no mês], mas não é ruim. É um volume acima de 90 mil toneladas, o que é muito positivo, e mostra a tendência das exportações de carne suína manterem bom volume no decorrer do ano”, afirma. Santin diz ainda que as baixas estão associadas à “operação padrão dos auditores fiscais federais agropecuários. Acaba nesse processo de atraso, com uma maior lentidão na emissão de certificados sanitários internacionais. Acaba demorando e saindo menos produtos do que era previsto pelas empresas”, diz.
O principal destino das exportações do setor, a China importou 19,3 mil toneladas em março, volume 46,8% menor do que o total embarcado no mesmo mês de 2023. Em seguida estão Filipinas, com 14,6 mil toneladas (+54,8%) e Hong Kong, com 7,4 mil toneladas (-44%). Rua destaca elevações comparativas acima de 100% nas vendas para mercados de alto valor agregado, como Japão, Estados Unidos, Canadá e Filipinas.


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