Farsul confia na recuperação do setor agropecuário em 2021

Farsul confia na recuperação do setor agropecuário em 2021

Projeção da entidade é de crescimento de 40% no PIB do agro, após um ano marcado pela estiagem e com queda de 28%

Nereida Vergara

Relatório foi apresentado pela diretoria da federação durante coletiva de imprensa

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O prejuízo de 10 meses de pandemia, que atingiu todos os setores da economia em 2020, não deve pautar os resultados do agronegócio do Estado ao longo do próximo ano. A agropecuária gaúcha fecha este ano com um recuo de 27,91 % em seu PIB, mas com perspectiva de recuperação. É o que indica o Relatório Econômico 2020 e Perspectivas para 2021, lançado ontem pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).

Assinado pelo economista-chefe da entidade, Antônio Da Luz, o relatório projeta que a safra que se construiu para o ciclo 2020/2021 sugere um crescimento de 40,06% no PIB do setor no ano que vem. “Dizemos isso com base nos investimentos que foram feitos pelos agricultores”, esclareceu Da Luz. Segundo ele, houve 32% de aumento no volume de recursos requeridos para investimentos no RS. 

O relatório estima que a produção de grãos do Estado na safra 2020/2021 possa chegar a 33,9 milhões de toneladas, 28,4% a mais do que a de 2020, de 26,41 milhões de toneladas. O Valor Bruto de Produção (VBP) para 2021 é estimado em R$ 67,33 bilhões (levando em consideração a manutenção da taxa cambial média de 2020 e a ocorrência de boas condições climáticas), 73% a mais do que o obtido neste ano, de R$ 38,8 bilhões.

De acordo com Da Luz, o milho é a cultura que será mais impactada em razão da estiagem, acumulando 28,1% de perdas na comparação com a safra atual, de 4,2 milhões de toneladas. Ele explica, porém, que a produção de milho projetada para 2021, de 3,02 milhões de toneladas, deve ter boas condições de comercialização, diante da escassez do produto para atender as demandas da suinocultura e avicultura. Já a soja deve aumentar a produção em 75,8%, chegando a 19,8 milhões de toneladas.

O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, avaliou as dificuldades vividas pelo produtor rural em 2020 e disse que o setor conseguiu reverter os impactos. “O produtor está acreditando como nunca na atividade”, observou o dirigente. Pereira destacou que o agronegócio não vai viver do passado recente que se abateu sobre o mundo, mas das perspectivas de mercado para 2021 e da necessidade global de alimentos.

Quanto à estiagem, a diretoria da Farsul foi enfática quanto à necessidade de melhorar a capacidade de irrigação do Rio Grande do Sul, simplificando as leis ambientais. Para o coordenador da Comissão de Meio Ambiente da Farsul, Domingos Velho Lopes, o problema maior não está no volume de chuvas, mas em sua má distribuição. Lopes argumenta que o grande entrave para a irrigação é a burocracia de licenciamento ambiental. “O produtor nem dá entrada nos pedidos pois tem consciência de que não vai conseguir cumprir a legislação”, disse. 


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