Farsul faz avaliação realista da Expointer e do momento do agro

Farsul faz avaliação realista da Expointer e do momento do agro

Entidades elogiou o evento como sendo extrafronteiras do Rio Grande do Sul, mas mostrou preocupação com as dificuldades do setor e com a queda no preço da carne

Itamar Pelizzaro

Gedeão Pereira avaliou momento difícil vivido pelo produtor rural, que plantou com preços altos e vendeu com cotações depreciadas.

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A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) reuniu a imprensa para almoço neste domingo para avaliar a Expointer e o panorama atual que envolve o agro. “Esta Expointer tem uma mensagem para dar, de que não é mais uma feira de nível estadual, mas nacional, muito maior que a fronteira do Rio Grande do Sul”, disse o presidente da Farsul, Gedeão Pereira. No encontro, a entidade abordou temas sensíveis para a agropecuária, como as dificuldades do setor leiteiro, a queda nos preços de grãos e carnes, o calendário de plantio da soja, segurança jurídica na questão agrária e o acordo Mercosul-União Europeia.

Gedeão Pereira começou dizendo que estava ansioso para saber os resultados das vendas de máquinas e implementos agrícolas nesta Expointer, que tem apresentado crescimento “avassalador” nas últimas feiras e que encontra nesta feira um produtor descapitalizado pelas perdas das recentes safras em razão de estiagens seguidas e com dificuldades para fazer o plantio das culturas de verão. “Tivemos dois períodos de extrema dificuldades no Rio Grande do Sul com a seca. Plantamos com custo muito elevado, colhemos mal e, na hora da comercialização, os preços derreteram praticamente em todos os produtos”, contextualizou.

Na programação da Farsul na Expointer, Pereira destacou o seminário sobre invasões de terra, a presença da Confederação Nacional do Agronegócio (CNA) em seu espaço e reuniões de mulheres produtoras. O presidente ressaltou ainda o encontro da Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm) que tomou posição sobre a decisão da União Europeia de barrar a importação de produtos relacionados ao desmatamento de ecossistemas florestais após 31 de dezembro de 2020. ”É o repúdio ao acordo. Contestamos porque é um acordo de proteção comercial, não é mais um acordo de proteção ambiental, que nos impõe regras e afeta nossa soberania nacional”, destacou. 

Na questão das importações de leite dos países do Mercosul, Gedeão lembrou que recebeu o ministro da Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos, para debater o assunto. “O setor leiteiro está sofrendo como o arroz já sofreu no passado. A lavoura de arroz começou a se viabilizar quando diminuiu de tamanho, tornando-se competitiva e exportando. Possivelmente com o leite não vai ser diferente”, avaliou. 

Pereira também saudou o lançamento na Expointer da Delegacia de Polícia Online do Agro (Agrodol), ferramenta que deve facilitar registros de ocorrências policiais de crimes ocorridos em áreas rurais gaúchas. Ele ainda aplaudiu a abertura de mercados de Israel, para a carne de frango. “É a maior pecuária do RS, disparada, talvez a cadeia do agro que esteja mais avançada no Exterior, porque trabalha com marcas brasileiras”, considerou, além de mencionar o novo mercado da República Dominicana para a carne suína.
Por fim, citou ainda o avanço do Programa Duas Safras, com reforço para a produção de milho, fundamental para as cadeias de aves e suínos, e falou da pauta ambiental, que esteve forte na Expointer. “Ainda temos que resolver a questão da irrigação, a simplificação dos processos para que o produtor possa continuar irrigando" concluiu.


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