Federarroz monitora com atenção efeitos da seca nas lavouras da Fronteira-Oeste

Federarroz monitora com atenção efeitos da seca nas lavouras da Fronteira-Oeste

Região responde por 30% da safra de arroz do Rio Grande do Sul e é uma das mais atingidas pela estiagem

Thaise Teixeira

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A Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) monitora com atenção os efeitos da escassez hídrica nas plantações localizadas na Fronteira-Oeste do Rio Grande do Sul. A área, que concentra 30% da safra de arroz do Estado, é uma das regiões mais atingidas pela estiagem que já colocou mais de 50 municípios gaúchos em situação de emergência nesta safra. “É um pouco cedo para falarmos em prejuízos, mas, nos próximos dias, já teremos uma noção melhor, já que poucas lavouras estão em estágio reprodutivo”, afirma.

Atualmente, 92% das plantações do cereal estão em germinação e apenas 8% em floração, conforme a Emater/RS-Ascar. Na Fronteira-Oeste, onde não há dificuldades para suprimento de água, o potencial produtivo do grão é considerado bom. Mas, alguns talhões, especialmente em São Borja e Itaqui, “já foram abandonados devido à falta de água para irrigação”, informa a Emater. A instituição alerta para a elevação das temperaturas para patamares próximos a 40 °C, que pode refletir na esterilidade de espiguetas nas lavouras que estão entre as fases de pré-floração, de emissão de panículas e de floração.

Por conta do atraso no plantio, também ocasionado pela seca, a expectativa é que a colheita do grão seja intensificada em março ao invés de fevereiro, como tradicionalmente acontece. “Quem plantou em setembro acabou atrasando a emergência das plantas em função, justamente, da última seca”, lembra Velho. A área estimada de arroz pelo Irga é de 862.498 hectares e a produtividade projetada é de 8.226 quilos por hectare. A abertura oficial da safra 2022/23 ocorrerá entre os dias 14 e 16 de fevereiro, na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, evento para o qual foi pessoalmente convidado por Velho, ontem, o secretário da Agricultura, Giovani Feltes. No encontro, que também contou com o diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, e o representante do Irga em Brasília (DF), José Carlos Pires, o dirigente ressaltou também a necessidade do setor orizícola dispor de mais reservas de água, tanto pelo protagonismo nacional na produção de arroz como pela crescente integração com a soja, o milho e a pecuária. “Precisamos agilidade nas licenças ambientais para reservar água”, pontua.

A Federarroz aproveitou a oportunidade para também solicitar a Feltes a intensificação do processo de modernização do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) via a utilização dos recursos provenientes da Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO). Instituída pela Lei Estadual 5645/68, a contribuição está estipulada atualmente em R$ 0,81 por saca de 50 quilos do grão comercializado à indústria, que, por sua vez, a desconta na remuneração do produtor e a repassa ao governo estadual. Sua finalidade é custear a execução de medidas de defesa e estímulo à produção orizícola gaúcha. Conforme Velho, atualmente, 60% da taxa repassada pela indústria ao Estado chega ao Irga. “Hoje, a CDO é cara pelo que ela retorna aos produtores”, finaliza.

 


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