Feira reflete qualificação da ovinocultura no Estado

Feira reflete qualificação da ovinocultura no Estado

Esforços dos criadores e os investimentos em tecnologia de produção resultam em número recorde de animais expostos na 34ª Fenovinos

Patrícia Feiten

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Embora representada por um rebanho modesto, de 3 milhões de animais, a ovinocultura gaúcha vive um momento promissor, marcado pela qualificação dos criadores e por investimentos em tecnologias de produção. Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), o médico veterinário Edemundo Gressler, o resultado desse esforços pode ser conferido no número recorde de animais inscritos na 34ª Feira Nacional Rotativa de Ovinos (Fenovinos), que ocorre até 12 de junho no Parque de Exposições Dr. Lauro Dornelles, em Alegrete. Neste ano, 555 exemplares disputam prêmios no evento.

“Essa presença significativa reflete o redespertar (dos gaúchos) para a ovinocultura, que é vista de uma forma mais profissional, que agrega valor ao homem do campo”, diz Gressler. Segundo o presidente da Arco, o aumento de escala é o principal desafio da atividade no Rio Grande do Sul, voltada principalmente à produção de carnes e desenvolvida em pequenas e médias propriedades. Ele projeta que, em quatro anos, o setor possa atingir um total de 4 milhões de animais, aproveitando fatores como a oferta de campos favoráveis, a forte identificação dos gaúchos com a criação de ovinos e a diversidade de raças ovinas existente no Estado. “Isso é muito fácil, porque o ciclo de gestação da ovelha é de cinco meses, e o período de desmama de cordeiros é de 3 a 4 meses”, observa.

Para concretizar essa expansão e ampliar a oferta de carne ovina no mercado interno, porém, o setor precisa superar dificuldades como o baixo índice de nascimentos, hoje inferior a 50% por ciclo produtivo, e o baixo percentual de sobrevivência de cordeiros, também próximo desse patamar, explica Gressler. “Hoje, não colocamos no mercado 800 mil ovinos por ano, há muito potencial para crescimento. A liquidez do ovino é espetacular”, avalia o criador, destacando o impulso que a ovinocultura vem ganhando com a adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária, associada à cultura da soja. 

Para o zootecnista João Alfredo de Oliveira Sampaio, da área de apoio técnico em produção animal da Emater/RS-Ascar, a ovinocultura vem sendo retomada no Rio Grande do Sul a partir dos pequenos rebanhos – tendência diferente da observada, por exemplo, na década de 1980, quando a atividade era praticada em grandes fazendas. “A Emater percebeu que, em muitos pequenos municípios, começaram a ser criados pequenos núcleos de produção para abastecimento local. Esses produtores tinham necessidade de informação e começamos a apoiar isso”, diz Sampaio. 

Hoje, a Emater estima que 8,24 mil criadores atuem nos 59 municípios mapeados pela empresa em seu planejamento de apoio à ovinocultura no Estado. O trabalho de extensão desenvolvido com os criadores, explica Sampaio, é focado em aspectos como manejo de rebanhos, melhoramento genético, organização de produtores para comercialização, implantação e manejo de forrageiras.

A 34ª Fenovinos é promovida pela Arco e pelo Sindicato Rural de Alegrete. No evento, são apresentados animais das raças Merino Australiano, Ideal, Corriedale, Romney Marsh, Hampshire Down, Texel, Ile de France, Suffolk, Border Leicester, Dorper, Crioula e as variedades Naturalmente Coloridas. Uma das novidades deste ano é o evento paralelo da Associação Brasileira de Criadores de Poll Dorset, que promove a 1ª Exposição Nacional da Raça. 


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