Fetag-RS prepara protesto na fronteira com Argentina

Fetag-RS prepara protesto na fronteira com Argentina

Motivado por importações de leite importado, ato de produtores previsto para hoje em Porto Xavier busca pressionar governo federal

Patrícia Feiten

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Produtores de leite gaúchos farão protesto hoje para pressionar o governo federal a anunciar medidas de apoio ao setor, que vem sendo prejudicado pela disparada das importações de lácteos do Mercosul. Segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), que organiza a manifestação, o ato terá início às 9h no município de Porto Xavier, na fronteira com a Argentina, e deverá reunir mais de 1.400 pecuaristas. Eles planejam se concentrar na praça central da cidade e depois seguir em caminhada até a aduana do porto internacional da cidade, por onde passam cargas procedentes de outros países.

No dia 12 de julho, lideranças dos produtores rurais se reuniram em Brasília com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Na ocasião, ouviram dele a promessa de portarias autorizando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a realizar aquisições de leite e derivados nos estados no âmbito de programas federais de compras públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A medida ajudaria a “enxugar” parte da oferta no mercado e elevar os preços do leite. “Até agora, não saiu nada do papel. Estamos pedindo que o governo taxe a importação ou subsidie a produção, como (ocorre) no Uruguai e na Argentina”, disse o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil importou cerca de 116 mil toneladas de leite, creme de leite e lácteos (exceto manteiga e queijo), um salto de 240% na comparação com o volume registrado no mesmo período de 2022, de acordo com dados da plataforma ComexStat, do governo federal. Segundo Joel, por contarem com subsídios e incentivos governamentais, os argentinos e uruguaios conseguem ter custos de produção mais baixos. Hoje, o leite em pó produzido nos países vizinhos entra no Rio Grande Sul com preços entre R$ 17 e R$ 19 o quilo, segundo Carlos Joel. “O nosso aqui é R$ 25, R$ 26 (o quilo), a diferença é muito grande. Só no mês de junho entrou, do Mercosul, o equivalente a 20 dias de produção do Rio Grande do Sul”, diz o presidente da Fetag-RS.

De acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira (31) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, o preço médio do leite cru captado por laticínios em todo o Brasil registrou queda pelo segundo mês consecutivo em junho, para R$ 2,5568 o litro. Em termos reais (deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo de junho), o valor é 6,02% inferior ao de maio e 22,38% inferior ao de junho de 2022. Com o resultado, o preço do leite cru fecha o primeiro semestre com queda acumulada de 1,4% e média de R$ 2,7505 por litro.


Correio do Povo
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