Fumageiras devem iniciar compra do tabaco em 2020

Fumageiras devem iniciar compra do tabaco em 2020

Medida atende a reivindicação feita em outubro pela associação dos produtores, que alega baixa rentabilidade do setor em muitas regiões

Correio do Povo

Seis empresas confirmaram compra antecipada do produto até o momento

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Seis indústrias de tabaco confirmaram até agora o início da compra de tabaco da safra 2020/2021 ainda neste ano. A medida atende reivindicação das entidades representativas dos produtores. A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) elaborou no dia 16 de outubro uma correspondência destinada às fumageiras, com o apoio das federações da agricultura (Farsul, Faesc e Faep) e federações dos trabalhadores rurais (Fetag, Fetaesc e Fetaep). Na carta, apresentou a solicitação para o início da comercialização ainda em 2020.

O presidente da Afubra, Benício Werner, destacou que é de suma importância que os produtores de tabaco que querem ou precisam comercializar sua produção já em 2020 possam ter esta oportunidade. “Os fumicultores vêm de uma safra com pouca e, em algumas regiões, nenhuma rentabilidade. Muitos sequer conseguiram comercializar toda a safra”, disse Werner.

O dirigente ainda enfatizou o compromisso que os fumicultores demonstram com o setor do tabaco. “Mesmo em meio a percalços, os produtores têm sido fiéis e mantido a produção. Ocorre, no entanto, que muitos atravessadores já estão percorrendo o interior em busca do produto. Antes que os fumicultores vendam parte da sua produção a preços menores, solicitamos às empresas que antecipem as compras para dezembro, de forma a valorizar o trabalho de seu produtor integrado”, diz o texto da correspondência encaminhada às empresas fumageiras.

A Universal Leaf foi a primeira empresa a dar retorno à correspondência e confirmou que irá iniciar as compras em dezembro. A JTI Processadora de Tabaco informou que, excepcionalmente para a safra 2020/2021, irá começar a comercialização do tabaco da variedade Virgínia no dia 1º de dezembro, nos três estados do Sul do Brasil. A CTA manterá compras na matriz, em Venâncio Aires, de 9 até 16 de dezembro; na filial Araranguá (SC), de 7 até 16 de dezembro; na filial de Ituporanga (SC), nos dias 9, 10 e 14 de dezembro; e na filial Papanduva/SC, nos dias 10 e 14 de dezembro. A ATC informou que se programa para comprar em dezembro. A Philip Morris informou que iniciará a compra no dia 6 dezembro. Tabacos Marasca iniciou a compra já no dia 16 de novembro. As empresas Alliance One, BAT Brasil (Souza Cruz) e China Brasil, informaram que irão iniciar a compra no início de janeiro, mas que acompanham as questões financeiras de seus produtores integrados e, se necessário, auxiliarão nas suas necessidades.

Afubra calcula queda de 4% na produção da região Sul

A produção da safra de tabaco 2020/2021 deverá atingir 606,9 mil toneladas nos três estados do Sul do Brasil. A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) divulgou a primeira estimativa, com uma redução de 4% comparado à safra passada, que fechou em 633 mil toneladas. Em termos de área, houve uma redução de 6%, passando de 290,3 mil hectares para 273,3 mil hectares, nesta safra. Já a expectativa de produtividade é de 2,2 mil quilos por hectare.

O presidente da Afubra, Benício Werner, explicou que a estimativa tem como base os dados do Sistema Mútuo, com o número de pés inscritos, por tipo de tabaco. “A estas informações, soma-se o percentual dos produtores que não estão inscritos no Sistema. O último percentual usado é o de produtores que plantam a mais ou a menos que o inscrito. Estes três fatores nos dão a área plantada”, afirmou Werner.

No Rio Grande do Sul, a estimativa de produção aponta para 263,9 mil toneladas de tabaco (235,3 mil toneladas na variedade Virgínia; 28 mil no Burley; e 528 toneladas no Comum), cultivados numa área de 123,2 mil hectares. A safra conta com 70,9 mil famílias produtoras. Em Santa Catarina, a projeção é de 185,1 mil toneladas (170,5 mil no Virgínia; 13,7 mil no Burley; e 892 toneladas na variedade Comum), produzidas numa área de 80,6 mil hectares. A produção envolve 41,8 mil famílias. No Paraná, a produção deve chegar às 157,7 mil toneladas (145,2 mil toneladas no Virgínia; 7,4 mil no Burley; e 5mil toneladas no Comum), numa área de 69,4 mil hectares. O número de famílias produtoras é de 24.792.

Com relação ao clima, o dirigente destaca que, de forma geral, está distante do ideal. “Os produtores do Burley, do Noroeste gaúcho e Oeste catarinense, sofrem com a estiagem no momento do crescimento, da formação da folha. Já no Vale do Rio Pardo, a chuva está faltando para a produtividade e qualidade do meio pé para cima”, afirma o dirigente.


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