Governo acena com compras públicas de lácteos

Governo acena com compras públicas de lácteos

Medida busca reduzir oferta e elevar preços pagos pelo litro de leite a pecuaristas, que reclamam da concorrência com produtos importados do Mercosul

Patrícia Feiten

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Lideranças de produtores rurais gaúchos se reuniram na tarde desta quarta-feira (12) com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, para tratar, entre outros assuntos, das dificuldades causadas ao setor pelo aumento das importações de leite. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, o ministro se comprometeu a emitir, nos próximos dias, portarias autorizando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a realizar aquisições de leite e derivados nos estados no âmbito de programas federais de compras públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Com a medida, a expectativa é “enxugar” parte da oferta no mercado e elevar os preços pagos pelo litro de leite aos pecuaristas. “Trouxemos dados para ele (Fávaro), mostrando que o preço está caindo num momento (de entressafra) em que deveria estar aumentando”, disse Carlos Joel. No primeiro semestre deste ano, o Brasil importou quase 116 mil toneladas de leite, creme de leite e lácteos (exceto manteiga e queijo), volume 240% superior ao registrado no mesmo período de 2022, de acordo com dados da plataforma ComexStat, do governo federal.

Foto: Lanna Silveira/ Divulgação / CP. 

Os produtores vêm pressionando o governo a adotar cotas ou tarifas para limitar a compra de lácteos da Argentina e do Uruguai, de onde vem a maior parte dos importados. Na próxima segunda-feira, a Fetag-RS decidirá se fará manifestações na fronteira com os dois países vizinhos. “Se o governo não quer intervir no acordo do Mercosul, deve fazer a mesma coisa que eles fazem lá, que é incentivar, dar subsídio ao produtor aqui”, destacou o presidente da Fetag-RS.

No encontro com o ministro, também foi tratada a 10ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O evento ocorre em novembro, no Panamá, e não recebe representantes da cadeia produtiva do tabaco, que teme medidas restritivas ao plantio. Segundo o deputado Heitor Schuch (PSB/RS), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar e da Comissão de Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, o grupo reforçou ao ministro a importância da fumicultura para a economia e pediu sensibilidade nas posições a serem adotadas pela delegação brasileira que representará o país na conferência. “Tivemos a oportunidade de colocar todos os nossos argumentos e acredito que ganhamos mais um aliado em favor dos produtores”, disse Schuch.


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