IICP volta a subir após 14 meses de queda

IICP volta a subir após 14 meses de queda

Taxa de câmbio, que pressionou para cima preços de fertilizantes, e alta do petróleo impactaram custos de produção, diz Farsul

Correio do Povo

publicidade

Calculado pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), o Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) de agosto teve a primeira alta desde junho de 2022, registrando uma variação de 4,47% em comparação com o mês anterior. O principal fator por trás da aceleração dos custos foi o aumento do preço dos fertilizantes, de acordo com a equipe.

Segundo a economista Danielle Guimarães, agosto evidenciou um “ponto de inflexão” no comportamento do índice. A variação significativa do IICP verificada no mês pode ser explicada, em parte, pelo elemento sazonal. “Agosto é um período em que a gente já vê os custos subirem, mas tivemos também outros fatores, como a alta da taxa de câmbio. Muitos insumos que compõem o custo de produção são importados”, explica a economista. Também pesou no resultado de agosto a alta do petróleo, já que o combustível fóssil é uma das matérias-primas usadas na produção de fertilizantes.

Para os próximos meses, Danielle diz que é difícil apontar uma tendência para os custos. “O que aconteceu foi muito diferente. A gente teve altas nos anos anteriores em função da pandemia (de Covid-19) e da guerra entre Rússia e Ucrânia. Depois, foram 14 meses de queda e, agora, um ponto de inflexão”, avalia. No ano, porém, o índice acumula queda de 16,96%, destaca a economista. No acumulado dos últimos 12 meses, a deflação é de 25,86%.

Também divulgado pela Farsul, o Índice de Inflação dos Preços Recebidos pelos Produtores (IIPR) aumentou 4,25% no mês passado em relação a julho, seguindo a tendência apontada no relatório anterior. A variação é atribuída ao aumento do petróleo, que puxou as commodities agrícolas no mercado internacional. Um dos produtos que se valorizaram no período foi a soja, em razão da oferta menor. “A cada novo relatório de expectativas de produção dos Estados Unidos, há uma nova redução dessa expectativa, porque eles estão enfrentando problemas climáticos”, afirma Danielle. O IIPR refletiu ainda uma melhora dos preços do arroz, como resultado do bom desempenho das exportações do cereal.

A assessoria econômica da Farsul destaca que, enquanto o IIPR acumulado em 12 meses mostrou queda de 15,48%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do grupo alimentos e bebidas aumentou 1,08% no período. “Isso comprova que não existe relação direta entre o índice e o preço dos alimentos no comércio. Custos como energia elétrica, mão de obra, combustíveis, entre outros, são fatores que contribuem para a variação do preço que chega ao consumidor”, informou a assessoria, em nota.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895