ILC teve retração de 0,58% em setembro

ILC teve retração de 0,58% em setembro

Queda nos preços da soja, do milho e de fertilizantes pressionou indicador, que acumula deflação de 26,7% no ano

Patrícia Feiten

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Calculado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), o Índice de Insumos para Produção de Leite Cru (ILC) manteve a trajetória de declínio em setembro, tendo recuado 0,58% na comparação com o mês anterior. Apesar da deflação geral no indicador, a assessoria econômica da entidade destaca que houve aumento dos preços da energia elétrica e dos combustíveis no período, no qual a cotação do barril de petróleo subiu 7% no mercado internacional. De janeiro a setembro, o ILC acumula deflação de 26,7% e, nos últimos 12 meses, a queda verificada foi de 28%.

“Comparada com as outras leituras de deflação que tivemos durante o ano, esta foi a mais fraca”, diz o economista Ruy Silveira Neto. O ILC de setembro, explica, foi influenciado principalmente pela queda das cotações da soja e do milho, já que a alimentação animal é um dos itens de maior peso na composição do indicador. Também contribuiu para a deflação a redução de preços de fertilizantes. “Eles demonstraram queda de praticamente 4,5% (em setembro), isso puxou muito esse resultado negativo no mês”, diz Silveira.

Para outubro, a expectativa é de manutenção da deflação devido ao avanço da colheita da safra de grãos dos Estados Unidos, que deve ampliar a oferta e reduzir ainda mais os preços internacionais. “(Em outubro), observamos que o preço médio do barril de petróleo cedeu. Isso pode fazer com que os combustíveis, que vinham subindo, apresentem queda ou estabilização de preços. E os fertilizantes também podem ter queda”, avalia Silveira.

Segundo a assessoria econômica da Farsul, o ILC de setembro acompanhou o comportamento de outros indicadores, como o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) e o Índice Geral de Preços (IGP-DI), calculados pela Fundação Getúlio Vargas. Do lado do consumidor, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou alta de 0,26% em setembro. Mas o grupo de alimentos e bebidas que compõe o indicador teve deflação de 0,71% no período, além de recuar 1,2% no acumulado do ano até setembro e 0,88% em 12 meses. “Esse cenário de queda nos preços de alimentos está sendo sentido pelos pecuaristas de leite através da receita. O preço recebido pelo produtor já caiu 27% entre maio e setembro de 2023. Essa queda acentuada na receita nos últimos quatro meses pressionou muito as margens já bem estreitas da atividade”, avaliou a assessoria econômica, em nota.


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